Em discurso realizado no Plenário na sexta-feira (10/10), o senador Mão Santa (PMDB-PI) afirmou que "nunca viu maior desgraça para o Piauí" do que os quase seis anos de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas garantiu que ainda tem esperança de que novas obras federais sejam realizadas no Estado.
Mão Santa disse esperar que, nos cerca de dois anos que restam ao governo Lula, haja no Piauí obras como portos, estradas de ferro, projetos de irrigação, uma nova universidade federal, zonas de processamento de exportação (ZPEs), uma usina hidrelétrica e uma refinaria de petróleo em Paulistana - que, segundo o senador, poderia levar até uma fábrica da Toyota para a região.
- Peço ao presidente que dê ao Piauí obras realmente consistentes. Sei que o Piauí é o Estado que tem mais essas bolsas [referindo-se a programas como o Bolsa Família], mas aquilo leva à indolência. Eu quero levar ao Piauí aquilo em que eu acredito: estudo e trabalho - disse.
Para Mão Santa, os erros do presidente são cometidos por "falta de visão, ignorância audaciosa, falta de saber e de conhecimento".
Crise internacional
Para o senador, a causa da atual crise pela qual o sistema financeiro internacional passa é que os bancos emprestaram dinheiro "fácil demais", pois as pessoas tomaram empréstimos e agora não conseguem pagá-los. Ele citou o ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln, que teria dito a frase: "Não baseie sua prosperidade em dinheiro emprestado".
- Essa crise é isto: pecaram contra Abraham Lincoln. No Brasil vai acontecer a mesma coisa - declarou.
Na opinião de Mão Santa, a crise já chegou ao Brasil e tem que ser enfrentada. Para o senador, "a escravidão atual é a dívida", sendo que os bancos estimulam os brasileiros a se endividar, por exemplo, oferecendo empréstimos consignados aos aposentados e permitindo que carros sejam pagos em até dez anos.
- Os aposentados estão todos lascados porque agora o crédito é consignado. Os bancos descontam o dinheiro do empréstimo na hora do pagamento do salário. Nunca houve tantos suicídios - afirmou.
O senador reconheceu que o governo federal pagou a dívida externa, mas ressaltou que, por outro lado, a dívida interna se expandiu. Ele disse ainda que o Brasil aumentou sua "dívida" com os aposentados e a educação.
- O povo está sem dinheiro e paga 76 impostos. Você trabalha de dezembro a janeiro, e a metade do que recebe vai para o governo. O povo, então, está esfolado, está sendo explorado. Temos que chegar à verdade, à austeridade. Vamos economizar - pediu Mão Santa.
Candidato
Mão Santa também afirmou que o PMDB terá candidato próprio à Presidência do Senado, nas eleições a serem realizadas no início do próximo ano, e à presidência da República, em 2010.
- Não vamos abdicar nem à Presidência do Senado nem à da República, porque os candidatos que o governo está lançando são mais fracos que os nossos - disse ele.
(Agência Senado, 10/10/2008)