O senador João Pedro (PT-AM) defendeu na sexta-feira (10/10) o cultivo de dendê na Amazônia, visando à produção de biocombustíveis. Ele lembrou que o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, afirmou na última quarta-feira (08/10), durante audiência no Senado, que a cana-de-açúcar não poderá ser plantada naquela região com a finalidade de produzir energia.
A afirmação do ministro, destacou João Pedro, estaria baseada em um estudo realizado conjuntamente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e por dois ministérios: o do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal; e o de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. João Pedro recordou ainda que, segundo Stephanes, não serão derrubadas florestas amazônicas para o cultivo da cana, mas as áreas onde já exista tal cultivo serão preservadas. Na opinião de João Pedro, esse estudo é importante porque acrescenta um "olhar técnico e social" ao debate.
O senador pelo Amazonas também informou que outro estudo, realizado pela Embrapa, atesta a sustentabilidade ambiental, social e econômica em relação ao cultivo do dendê na Amazônia. Para João Pedro, essa matéria-prima pode oferecer uma alternativa de renda à agricultura familiar, pois, de acordo com a pesquisa, um hectare de terra da região é capaz de produzir de quatro a seis toneladas de dendê por ano.
- Os estudos mostram que a produção do dendê se dá a partir do terceiro ano e, comercialmente, a partir do quarto ano - frisou João Pedro, acrescentando que "o dendê produz, sem nenhuma interrupção, por 25 anos, além de não apresentar impacto ambiental".
O senador disse que o óleo de dendê poderá ser utilizado como alternativa para a produção de biodiesel porque se trata de uma energia limpa.
Colômbia
João Pedro também afirmou que a Colômbia está comprando semente de dendê do Brasil "de forma assustadora e numa escala acentuada". Isso, segundo o senador, indica que aquele país "caminha para a produção de biodiesel a partir dessa matéria-prima".
O senador Delcídio Amaral (PT-MS) declarou que encontrar alternativas energéticas é um dos grandes desafios que se apresenta atualmente para os países. Ele defendeu a estruturação de uma matriz energética brasileira "competente", que aproveite o potencial regional. Em sua opinião, o Brasil tem grande potencial para investir em energia renovável e, assim, gerar emprego e renda, bem como diminuir as desigualdades sociais.
O líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que a exploração da Amazônia não deve ser feita de forma extensiva e que medidas do governo têm fortalecido a agricultura familiar. Ele defendeu a regulamentação do setor, a utilização de tecnologias e o financiamento "correto" para evitar a depredação da região.
Já o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) disse discordar da posição do governo de restringir o cultivo de cana-de-açúcar na região amazônica. Em sua opinião, nos estados da Amazônia em que já há áreas devastadas é possível utilizar essas terras para cultivar a cana.
(Agência Senado, 10/10/2008)