França, Alemanha e Áustria defenderam nesta sexta-feira que a União Européia (UE) adote padrões menos ambiciosos de combate ao aquecimento global a fim de ajudar o setor industrial neste momento de crise econômica.
O apelo fez grupos ambientalistas advertirem que a batalha contra as mudanças climáticas encontrava-se ameaçada.
A UE espera que outros países sigam seu exemplo ao adotarem um acordo mundial em breve. A Organização das Nações Unidas (ONU) já avisou que o aquecimento da Terra provocará um recrudescimento de fenômenos como enchentes, secas e a elevação dos oceanos.
A Áustria, no entanto, afirmou que a derrubada das bolsas no mundo todo exigiam a adoção de uma postura cautelosa em relação aos limites de emissão de dióxido de carbono pelo setor industrial, já que essa política pode elevar os custos e oferecer, indiretamente, vantagens para os competidores de fora do bloco.
Os ambientalistas contra-argumentam que as manobras para reduzir o consumo de combustíveis fósseis dentro da Europa protegeriam os países europeus da elevação abrupta dos preços de combustíveis e criariam milhões de empregos na construção de fontes renováveis de energia como as turbinas de vento.
"Esse é um nível vermelho de alerta", disse a repórteres o parlamentar Claude Turmes, de Luxemburgo. "Os lobistas de todas as indústrias poluentes estão tentando tirar vantagens desta crise."
Os ciclos econômicos sucedem-se, mas as mudanças climáticas representam uma ameaça permanente que precisa ser enfrentada imediatamente, afirmou à Reuters Stavros Dimas, comissário do Meio Ambiente da UE.
"Este é um momento importante nas negociações, e eu tenho certeza de que a razão prevalecerá", acrescentou.
Essa opinião contou com ao apoio do ministro britânico para área de mudanças climáticas, Ed Miliband, que afirmou: "As dificuldades enfrentadas atualmente pela economia tornam essas questões ainda mais importantes, não menos importantes."
A UE possui ambiciosos planos de, até 2020, cortar em um quinto a emissão de dióxido de carbono quando comparadas com os níveis de 1990. Esse corte decorreria em parte de um esquema (o Esquema de Comércio de Emissão, ETS) mediante o qual as usinas de energia e a indústria pesada pagarão por licenças para emitir poluentes.
No entanto, alguns países do Leste Europeu ameaçaram bloquear a proposta, afirmando que isso depositaria um farto pesado demais sobre as termelétricas da era comunista, alimentadas por carvão e altamente poluentes.
As indústrias pesadas, tais como as do aço, do alumínio e de produtos químicos, também se mostraram contrárias à medida, afirmando que perderão negócios para concorrentes de regiões vizinhas que possuem regulamentações ambientais mais frouxas e, portanto, menos custos.
(
Reuters, 10/10/2008)