O sobre-aquecimento do planeta nas zonas tropicais vai forçar numerosas espécies de plantas e animais a migrar para latitudes mais elevadas para conseguirem sobreviver. Mas estas “viagens” poderão ser comprometidas pelas actividades humanas, alerta um estudo publicado hoje nos Estados Unidos.
Desde 1975, a temperatura média nas zonas de clima tropical aumentou mais de 0,75 graus centígrados, de acordo com este estudo. Mas antes que este século termine, as florestas tropicais da América Central e do Sul deverão ainda registar um aumento de mais de três graus, a acreditar nos modelos climáticos. Este aumento vai modificar as formas de vida a 600 metros de altitude.
As espécies tropicais deverão migrar cada vez para zonas mais elevadas em busca de temperaturas que mais lhes convenham, estima o ecologista Robert Coldwell, da Universidade do Connecticut, principal autor deste estudo a publicar amanhã na revista “Science”.
Coldwell sublinha que nas latitudes onde o sobre-aquecimento é mais pronunciado, as espécies de plantas e de animais já estão em movimento. A equipa coordenada por Coldwell recolheu dados sobre duas mil espécies de plantas e de insectos a diferentes altitudes, nas encostas cobertas com florestas tropicais de um vulcão da Costa Rica, com mais de três mil metros de altura.
Os cientistas descobriram que metade daquelas espécies vive em zonas com uma dimensão reduzida e que um aumento da temperatura vai obrigá-las a adaptar-se a ambientes totalmente novos, para além dos limites do seu habitat actual. Para pode chegar uma altura em que as espécies não terão mais para onde fugir.
Além disso, para um grande número destas espécies, essas migrações na direcção da sobrevivência podem estar seriamente comprometidas pela exploração humana da floresta tropical, sublinha o estudo. Fica ainda sem resposta a pergunta: “Será que, num mundo mais quente, os seres vivos terão capacidade para ultrapassar os impactos das alterações climáticas?”
(AFP, Ecosfera, 09/10/2008)