O apelo mercadológico contrapõe a educação ambiental desenvolvida em escolas brasileiras. Os projetos de conscientização poderiam ser eficazes, não fossem as numerosas ofertas do setor automobilístico. “A discussão do tema tem se ampliado nas escolas mas, se as crianças não forem orientadas a promover o consumo consciente e a se defender dos apelos consumistas, a tendência é aumentar o número de carros na rua, o que favorece a emissão de poluentes”, reflete a vice-diretora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Helena Ribeiro, durante a mesa-redonda Desastres Naturais realizada nesta quarta-feira (08/10), no Instituto de Geociências (IG) da Unicamp.
O evento, organizado pelo Laboratório de Estudos Climáticos (Leclig) do IG da Unicamp, contou também com a presença de Ronaldo Figueira, geólogo da Defesa Civil de São Paulo.
Helena disse que as ações humanas sobre o ambiente ocasionam o aumento dos desastres naturais. “É importante mostrar à sociedade que as soluções não competem só ao Poder Público, mas também às pessoas.”
Ela explicou que na Capital, onde desenvolve um projeto de poluição urbana, a emissão de alguns agentes poluentes como monóxido de carbono e dióxido de enxofre tem diminuído nas últimas décadas. Um dos fatores, segundo Helena, pode ser o rodízio de placas, apesar de ser estimulado mais para o controle do trânsito no horário de pico que para melhorar a qualidade do ar. Mesmo assim, o índice de pessoas internadas com doenças associadas às vias respiratórias ainda é grande.
Geólogo formado pela USP e integrante da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), Ronaldo Figueira disse que a Defesa Civil de São Paulo está colocando em prática o Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC) conhecido como “Operação Chuvas de Verão”.
O plano entrará em vigor dia 01 de novembro de 2008 a 15 de abril de 2009, período crítico de chuvas, ou quando houver necessidade. A operação, de acordo com ele, tem como meta estabelecer medidas preventivas e atendimento de emergências relacionadas a inundações, alagamentos de vias e deslizamento de encostas.
Este plano dá início às ações para minimizar as ocorrências relacionadas a alagamentos de vias, inundações e deslizamentos. “São medidas preventivas que ajudam a população a se precaver de deslizamentos, preservando vidas”, enfatizou. Além disso, a comunidade também recebe orientações para conviver com a baixa umidade do ar. “São orientações simples, como evitar atividade física das 10 às 15 horas, colocar toalhas molhadas na casa e consumir bastante líquido”, disse Figueira. Afirmou ainda que o comportamento da mídia, mostrando apenas conseqüências dramáticas dos eventos extremos, torna essa informação ineficiente.
(Por Maria Alice da Cruz, Jornal da Unicamp, 09/10/2008)