Artigo - O clamor de uma minoria marginalizada
parque nacional do itatiaia
gestão de resíduos
2008-10-10
Embora envergonhada, faço parte de uma minoria marginalizada. Como elo mais forte venho clamar por ela. Por ignorância, por ânsia de domínio e poder nos restam agora poucos espaços para sobreviver.
Ainda assim, como somos simples, nos resignamos a esses pequenos espaços. Não precisamos de muito, mas até esse pouco está para nos ser tirado. Somos uma minoria formada por água pura de cachoeiras, ar impregnado com o cheiro da vegetação, o que restou de algumas espécies de árvores, xaxins de samambaias que tomavam conta desse país, aves diversas, tucanos inclusive que vivemos em harmonia sem imaginarmos o que nos aguarda.
Somos uma minoria marginalizada, uma vez que não fazemos parte desse pseudo progresso que não tem limites em sua destruição. Moramos numa comunidade denominada entorno da APA do Parque Nacional de Itatiaia também conhecida como entorno da APA da Mantiqueira. Hoje estamos ameaçados por esse mesmo pseudo progresso. Em sua ignorância, um elo que se distanciou da corrente da vida quer utilizar nossa comunidade, como Usina de Reciclagem de Lixo, passando por cima de Leis criadas para nos protegerem.
A mesma lei que diz que é crime “construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes.” E é por ele também, por esse elo distanciado e cego, pelos filhos deles, pelas cachoeiras, pelo ar, pelas araucárias, pelas aves incluindo os tucanos que hoje clamo a todos para que nos unamos e assim possamos impedir mais esta insanidade.
Muitos já julgaram, reclamaram, mas pouco foi feito. Se a alguns foi dada uma consciência maior peço que se unam para despertarem os adormecidos, que juntos possamos fazê-los entender que esta terra não nos pertence, e que principalmente um elo tão importante como ele, que toma conta de uma cidade, cidade esta da qual também fazemos parte, deve devolver esta terra ao Dono dela melhorada.
Alguém uma vez trouxe de volta uma sacolinha de lixo que eu havia jogado no mato e esparramou na cozinha de casa. Ensinou-me muito, me fez crescer e por isso acredito que o amor e o esclarecimento possam fazer a diferença. Como gratidão a esse ser, estou fazendo a minha parte, levando meu pedido de ajuda e mostrando que existe um progresso muito maior, o da evolução do ser humano e sua integração com a Mãe Natureza.
PS- Esse ser a que me referi e que tanto me ensinou é minha filha.
(Por Denise Borges, texto recebido por E-mail, 02/10/2008)