Numa declaração sem precedente intitulada Além da REDD : o Papel das Florestas na Mudança Climática, 250 lideranças concordaram sobre o papel que as florestas podem desempenhar na luta à mudança do clima e aos danos que causa. O grupo lançou a declaração em Barcelona, no congresso mundial da UICN e uma delegação segue para Paris, onde entregará o documento para o atual presidente da Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança Climática, o diplomata brasileiro Figueiredo Machado.
A Iniciativa sobre Florestas e Mudança Climática reuniu representantes de empresas, sindicatos, organizações ambientais e sociais, organizações internacionais, proprietários de florestas, populações indígenas e grupos ligados à comunidade florestal, numa série de reuniões ao longo de 10 meses. Pela primeira vez, atingiu-se um acordo entre grupos tão diversos a respeito de cinco princípios orientadores para os negociadores sobre mudança climática.
A declaração especifica que a gestão florestal sustentável, capaz de reduzir o desmatamento e a degradação, assim como o apoio para milhões de comunidades que dependem das florestas, deve ser uma das mais altas prioridades, sendo que as florestas e seus produtos têm a capacidade de reduzir as emissões de gases de estufa, capturar emissões carbônicas e reduzir a vulnerabilidade das pessoas à mudança climática.
"Pela primeira vez, e em escala sem precedentes, líderes florestais, representantes de empresas, doadores e grupos comunitários não só concordaram quanto ao papel central que as florestas podem desempenhar na atenuação da mudança do clima, como também definiram em consenso um plano de ação sobre as próximas medidas concretas", disse Stewart Maginis, Diretor do Programa de Conservação Florestal da UICN, a União Internacional para Conservação da Natureza.
"Todos nós temos a responsabilidade comum de insistir numa gestão florestal sustentável, que produza fibra para papel e produtos de madeira, bem como bioenergia, e proporcione também serviços críticos para os ecossistemas, tais como sequestro de carbono e qualidade da água", afirmou James Griffiths, Diretor de Produtos Florestais do Conselho Mundial de Empresas para o Desenvolvimento Sustentável.
A iniciativa ressalta, ademais, que é necessário esclarecer, fortalecer e tornar mais transparentes a governança das florestas e os direitos locais sobre elas e seus recursos, especialmente os de comunidades que delas dependem.
"Para nós é fundamental que se atingiu consenso sobre a necessidade de acordo prévio, livre e informado por parte dos povos indígenas sobre projetos de REDD", declarou Abdon Nababan, Secretário-Geral da Aliança dos Povos Indígenas da Indonésia. "Ouçamos os povos indígenas de todo o mundo. Nosso conhecimento captará o potencial de nossas florestas na atenuação da mudança climática e promoverá, por sua vez, o desenvolvimento econômico e a conservação."
"Apesar das muitas e variadas perspectivas e interesses inerentes à comunidade florestal em geral, The Forests Dialogoue produziu um acordo muito importante sobre a gestão florestal para enfrentar a mudança climática. O Banco Mundial, com base nisso, já está conduzindo uma revisão de todas suas políticas setoriais para averiguar os impactos dos vetores do desmatamento", disse Warren Evans, diretor do deprtamento de meio ambiente do Banco Mundial.
O Forests Dialogue quer que os governos do mundo mobilizem os recursos necessários para formular e implementar políticas de mitigação e adaptação à mudança do clima que deixem claro o papel vital das florestas.
De acordo com Roberto Smeraldi, diretor de Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, "a declaração é um poderoso recado para os diplomatas dos governos que fazem parte da Convenção de Clima, para encontrarem um acordo urgente que permita recuperar os anos perdidos na luta ao desmatamento. É preciso logo começar interrompendo os subsídios para produtos e atividades que desmatam".
Veja o documento na íntegra (versão em inglês)
(Amazonia.org.br, 08/10/2008)