Mais de 87 toneladas de sobras de couro foram retiradas das margens do rio Gravataí, numa força-tarefa que durou três dias. Em meio aos resíduos industriais, foram encontrados vestígios de uma empresa de curtume da região Metropolitana. O relatório com a denúncia de descarte irregular será encaminhado ao Ministério Público e à Polícia Civil nesta semana. A retirada dos resíduos mobilizou Prefeitura de Alvorada, Defesa Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e Batalhão Ambiental.
Foram necessários três retroescavadeiras e seis caminhões para a execução do trabalho. Segundo o fiscal de Meio Ambiente da Prefeitura de Alvorada, Jorge Amaro, em agosto foi encontrado um depósito de aparas de couro nas margens da RS 118, num trecho de quase 50 metros. 'Grande parte do material já estava dentro do rio Gravataí', conta. Em 29 de setembro, foram constatados novos descartes clandestinos. Amaro explica que o processo de curtimento de couro envolve a adição de cromo 3. Se colocada em contato com o solo, a substância química presente nos resíduos sofre um processo de oxidação 'altamente prejudicial à saúde'.
No ser humano, o cromo pode causar corrosão dos tecidos, produção de dermatites, no caso de contato prolongado, e, se houver inalação, pode prejudicar o fígado, os rins e todo o sistema digestivo. A forma correta de eliminar esses resíduos é a construção de aterros, os quais a lei ambiental exige que sejam impermeáveis, para evitar contaminação do solo ou dos lençóis de água subterrâneos. Até amanhã, deve estar pronto o relatório sobre o descarte de couro nas margens do Gravataí.
(Correio do Povo, 09/10/2008)