A newsletter EERE Network News, editada pelo Escritório de Eficiência Energética e Energia Renovável do governo norte-americano, divulgou em 1º de outubro a reportagem "First U.S. auction of CO2 allowances brings in $38.5 million" (Primeiro leilão de permissões de CO2 dos EUA gera US$ 38,5 milhões). O leilão citado no título do texto ocorreu dia 25 de setembro, em meio à quebradeira dos bancos nas bolsas de valores mundiais. A organização foi da Iniciativa Regional de Gases do Efeito Estufa (RGGI, na sigla em inglês), esforço de combate ao aquecimento global que reúne dez Estados norte-americanos: Connecticut, Maine, Maryland, Massachusetts, Rhode Island, Vermont, Delaware, New Hampshire, New Jersey e Nova Iorque. Embora os quatro últimos não tenham participado do leilão, a arrecadação foi superior a US$ 38 milhões. No total, 59 interessados dos setores financeiro, energético e ambiental adquiriram créditos de carbono.
A RGGI, explica a reportagem, foi formada com o objetivo de reduzir as emissões de CO2 dos dez Estados participantes em 10% até 2018. O dinheiro necessário para os investimentos em eficiência energética e energias de fontes renováveis virá de leilões de créditos de carbono, como o realizado no final de setembro. Com o esquema, chamado cap-and-trade, a RGGI pretende incentivar a inovação ambientalmente correta e a criação de vagas no mercado "verde" de trabalho. O próximo leilão, marcado para dia 17 de dezembro, deverá contar com a participação de todos os Estados integrantes da iniciativa.
Segundo o texto, o objetivo do cap-and-trade é que os dez Estados estabilizem a partir de 2009 as emissões de dióxido de carbono do setor de energia dentro de um teto máximo, a ser mantido até 2015. Entre 2015 e 2018, a cada ano, esse limite cairá 2,5%, somando uma redução total de 10% até o final de 2008. Os investimentos serão voltados para programas de redução da demanda energética e do uso de combustíveis fósseis.
Assim, a partir de 1° de janeiro de 2009, será preciso comprar permissões para emitir CO2 na região coberta pela iniciativa — o preço das permissões será diretamente proporcional à quantidade de carbono liberada para a atmosfera.
Mas, como noticiou a agência Reuters em agosto deste ano, o esquema limita as emissões de usinas geradoras de eletricidade em níveis mais altos do que os constatados historicamente. Por isso, disse a agência, não haverá reduções substanciais de emissões nos próximos anos. A afirmação foi confirmada pelo analista Trevor Sirkorski, da consultoria Barclays Capital. Em entrevista à Reuters, ele disse que "levará pelo menos seis anos para que se veja alguma redução efetiva, devido à maneira como esses limites foram estabelecidos".
Foram comercializadas mais de 12 milhões de permissões no leilão de 25 de setembro. Segundo a assessoria de imprensa da RGGI, a demanda foi mais de quatro vezes superior à oferta dos papéis. Antes da negociação, avaliadores do mercado haviam previsto que a demanda não atingiria a oferta de permissões.
No dia 23 de setembro, outros onze Estados, quatro canadenses (Columbia Britânica, Manitoba, Ontario e Quebec) e sete norte-americanos (Arizona, Califórnia, Montana, Novo México, Oregon, Utah e Washington), formaram a Western Climate Initiative (WCI), que também apresenta um programa em esquema cap-and-trade para redução das emissões de gases. Lá, a previsão é que os níveis caiam 15% em relação aos registrados em 2005, dentro de prazo que vai até 2020. (G.G.)
(Inovação, 07/10/2008)