A agência de alimentos da ONU pediu uma revisão das políticas e subsídios do biocombustível na última terça-feira, dizendo que eles contribuem para a significativa alta nos preços dos alimentos e para a fome em países pobres. Com políticas e subsídios encorajando a produção que acontece em grande parte do mundo em desenvolvimento, os fazendeiros geralmente acham mais lucrativo manter plantações destinadas à fabricação de combustível do que para a alimentação, uma mudança que ajudou a gerar a falta de comida no mundo.
As políticas atuais precisam ser "urgentemente revistas para preservar o objetivo de garantia de alimentação mundial, proteger fazendeiros mais pobres, promover o desenvolvimento rural e garantir a sustentabilidade do meio ambiente", disse um relatório publicado na terça-feira por Jacques Diouf, diretor executivo da Organização de Alimentos e Agricultura da ONU.
As Nações Unidas agora se unem a inúmeros grupos ambientalistas e especialistas da área que pedem um fim (ou uma limitação) aos subsídios dos biocombustíveis, que são extraídos de plantas e podem ser substituídos por petróleo ou gás mineral.
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico recentemente concluiu que o apoio governamental à produção em massa dos biocombustíveis é caro e "têm impacto limitado na redução da emissão de gases causadores do efeito estufa e na garantia do fornecimento de energia". Por outro lado, teve "impacto significativo no preço das colheitas em todo o mundo".
Conforme o preço do petróleo e as preocupações com as emissões de carbono aumentavam, inúmeros países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, instituíram subsídios e incentivos à indústria do biocombustível.
Como resultado disso, a produção de biocombustível feito de colheitas que também poderiam ser usadas como alimento triplicou entre 2000 e 2007, afirmou a Organização de Alimentos e Agricultura. O apoio que visa encorajar a produção de biocombustíveis em países participantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico somou mais de US$ 10 bilhões em 2006, afirmou o órgão.
Mas muitos estudos no ano passado concluíram que a corrida aos biocombustíveis tiveram desastrosas consequências, ainda que não intencionais, para a segurança da produção de alimentos e para o meioa mbiente. Menos comida disponível em países pobres significou uma alta no preço dos grãos em todo o mundo e a perda de florestas preciosas conforme fazendeiros buscam criar campos para lucrar com a procura pelo biocombustível, afirmaram os estudos.
Os especialistas dizem que tanta energia é necessária para converter as plantas em combustíveis que o processo não resulta na economia de emissões de carbono.
O relatório da organização afirmou que apenas dois combustíveis são claramente melhores para o meioambiente do que os combustíveis fósseis quando se considera todo o "ciclo de vida" de sua produção: óleo de cozinha reutilizado e a cana de açúcar do Brasil.
(Por ELISABETH ROSENTHAL, The New York Times, Ultimo Segundo, 08/10/2008)