Danos ambientais provocados pelas alterações climáticas, como a desertificação e inundações, podem expulsar milhões de pessoas de suas casas nas próximas décadas, disseram especialistas na quarta-feira. "Todos os indicadores mostram que estamos lidando com um grande problema global emergente", disse Janos Bogardi, diretor do Instituto do Meio Ambiente e da Segurança Humana, ligado à Universidade da ONU, em Bonn, na Alemanha.
"Especialistas estimam que até 2050 cerca de 200 milhões de pessoas serão deslocadas por problemas ambientais, um número mais ou menos igual a dois terços da população dos Estados Unidos hoje em dia", disse a Universidade em nota. Bogardi disse que o número atual de refugiados ambientais pode ser de 25 a 27 milhões.
Na opinião dele, é prioritário monitorar os números e as razões que levam essas pessoas a se mudarem. "O principal passo para ajudar é o reconhecimento", disse ele à Reuters. No passado, muitas vítimas dessa situação seriam qualificadas como migrantes econômicos, o que não é o caso. "A migração por motivos ambientais deve trazer gente mais pobre, mais mulheres, crianças e idosos, de situações ambientais mais desesperadas", disse a nota.
Especialistas de quase 80 países se reúnem entre de quinta-feira a sábado em Bonn para discutir formas de ajudar os refugiados ambientais. Um estudo realizado por várias instituições européias, inclusive a de Bogardi, mostrou o temor de que redes de tráfico humano se aproveitem dessa situação.
Em Bangladesh, por exemplo, "mulheres com filhos, cujos maridos morreram no mar durante o ciclone Sidr ou estão fora como trabalhadores migrantes temporários, são presa fácil de traficantes e acabam em redes de prostituição ou no trabalho forçado na Índia." Padrões semelhantes foram detectados em pelo menos mais um estudo nacional. "A exploração de pessoas deslocadas por contrabandistas é relatada cada vez mais, conforme incha o fluxo de migrantes informais ou ilegais", diz o texto.
(Reuters, G1, 08/10/2008)