Já pensou em ser atropelado por um caminhão de soja dentro de uma reserva ambiental? Pode parecer pesadelo de ambientalistas chato, mas infelizmente, desde de agosto, essa é uma possibilidade para os turistas que vão ao Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso. Os comboios de carretas com toneladas de grãos também são uma ameaça à fauna da região. O Parque é cortado ao meio por uma rodovia usada como rota para o escoamento da safra agrícola. Para conseguirem buscar alimentos entre as matas da região, os animais atravessam a rodovia cheia de caminhões. Não é a toa que o número de atropelamentos de bichos como antas, tamanduás, lobos e jaguatiricas cresce a cada dia.
O problema aumentou depois que o governador de Mato Grosso, o produtor de soja Blairo Maggi, decidiu asfaltar a rodovia que liga Chapada dos Guimarães a cidade de Campo Verde. Desde então, para chegar ao Parque Nacional é preciso enfrentar uma fila de caminhões e carretas. O tráfego é tão intenso que o Governo do Estado precisou chamar uma equipe de engenheiros para darem um parecer sobre as condições das encostas locais. O temor é que o peso das carretas não fosse suportado pelo asfalto das partes mais íngremes da estrada. O difícil é entender como o Ibama e os órgãos ambientais estaduais permitem esse tipo de tráfego em uma “estrada parque”, onde se deveria existir limites de velocidades e veículos.
(Juliana Arini,
blog do Planeta, 07/20/2008)