O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgou ontem (7) o boletim Transparência Florestal, no qual registrou 102 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal em agosto de 2008. A quantidade detectada pelo Imazon é bem diferente da detectada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o monitoramento oficial. Para o Inpe, foram desmatados 756 quilômetros quadrados em agosto.
O próprio Imazon, no entanto, alerta que o desmatamento deve ser maior. O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) detecta desmatamentos somente em áreas maiores que 12,5 hectares e, diferente do Inpe, que detecta o desmatamento progressivo, o Imazon apenas registra o corte raso, isto é, a total supressão da cobertura florestal.
Além disso, algumas áreas não puderam ser detectadas devido a nuvens que cobriram as imagens de satélites. "Os dados podem estar subestimados, pois não foi possível detectar a ocorrência de desmatamento em 36% da Amazônia Legal devido à existência de nuvens. A região não-mapeada situa-se no Amapá, Roraima, Amazonas e norte do Pará", diz o boletim. De acordo com o Imazon, o desmatamento foi estimado para 64% da Amazônia.
O relatório diz que o desmatamento detectado foi 85% menor do que em agosto de 2007, quando se registrou 663 quilômetros quadrados desmatados, e 63% menos que julho de 2008, que atingiu 276 quilômetros quadrados desmatados.
Geografia do desmatamentoO Pará foi novamente o campeão do desmatamento, com 59% de toda a área desmatada. O segundo estado que mais desmatou foi o Amazonas, com 20%, seguido de Mato Grosso e Roraima (6% cada). O desmatamento somado nos estados de Rondônia, Acre e Tocantins chegou a 8%. O excesso de nuvens impediu a visibilidade no Amapá, e o Maranhão não foi analisado.
Em relação ao ordenamento fundiário, 81% do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou de posse. Nos Assentamentos de Reforma Agrária, considerados os principais responsáveis pela destruição da floresta em lista divulgada pelo ministro do meio ambiente Carlos Minc, foram 10,5%. Cerca de 7% foi registrado em Unidades de Conservação e 1% em Terras Indígenas.
Os Projetos de Assentamento que mais desmataram foram Maranhão, no município de Iracema (RR) e Jacaré-Açu, em Novo Repartimento (PA). A Unidade de Conservação mais atingida foi a Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, no Pará, e as Terras Indígenas mais desmatadas foram a Cachoeira Seca do Iriri e Apyterewa, ambas no Pará.
Segundo o estudo, os municípios mais críticos também estão no Pará. "O desmatamento foi mais expressivos nos municípios paraenses de São Félix do Xingu (27,6 quilômetros quadrados), seguido de Cumaru do Norte (7,4 quilômetros quadrados) e Altamira (7,1 quilômetros quadrados)".
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Amazonia.org.br, 07/10/2008)