A forte queda da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e a alta do dólar no início da semana, provocadas pela crise financeira iniciada nos Estados Unidos, vão afetar a produção rural no Brasil. A opinião é de parlamentares ligados ao setor, que estão preocupados com o encolhimento do crédito para os agricultores e pecuaristas.
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) avalia que a crise mundial fará os agricultores reduzirem a produção, com medo do endividamento: "Neste momento, todos vão ficar mais cautelosos, ninguém vai se endividar mais. Se forem mantidas as taxas e dificuldades atuais, o agricultor não poderá obter financiamento nem produzir. Como conseqüência, poderá haver uma diminuição da safra."
Luis Carlos Heinze (PP-RS) também acredita que os efeitos da crise internacional sobre a produção agrícola brasileira serão fortes. Segundo ele, a falta de crédito vai ser um dos problemas. O deputado disse que os parlamentares lutam pela ampliação dos investimentos na produção: "Já estamos cobrando dos bancos e dos ministérios da Fazenda e da Agricultura a prorrogação dos custeios que venceram no final de outubro. Os bancos hoje dificultam a liberação de crédito. "
Análise
Em entrevista publicada nos jornais desta terça-feira (07/10), o economista Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel em 2001 e ex-economista-chefe do Banco Mundial, avaliou os riscos da crise para o Brasil. Segundo ele, muitos investidores estrangeiros colocaram dinheiro nos produtos agrícolas de exportação porque o dólar estava baixo. Com a crise, eles voltarão a aplicar seus recursos na moeda norte-americana. Na avaliação do economista, isso fará com que as dívidas contraídas pelos agricultores brasileiros sejam um problema, além de provocar uma queda nos preços dos produtos.
O dólar subiu mais de 7% na segunda-feira (06/10), chegando a R$ 2,20. A Bovespa chegou a cair 15%, mas fechou o dia com queda de 5,43%, depois que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciaram medidas para aumentar os créditos aos exportadores.
(Por Christiane Bernardes, Agência Câmara, 07/10/2008)