A destruição de florestas e rios, provocados pelo desenvolvimento urbano e pela agricultura, figuram hoje como as maiores causas da extinção de espécies na Austrália. A revelação faz parte de um estudo internacional apresentado ontem (06/10), em Barcelona, no congresso da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
De acordo com o levantamento, uma em cada cinco espécies de mamíferos se encontra em risco no país, a maior das proporções para uma nação desenvolvida. "Com o atual ritmo de vida centenas de espécies poderiam ser perdidas em conseqüência de nossas próprias ações, um sinal assustador do que está acontecendo aos ecossistemas onde vivem", sintetiza a diretora geral da organização, Julia Marton-Lefevre, que compilou a “Lista Vermelha”.
O bacalhau de Murray é considerado pela união internacional em perigo crítico e se soma a outros 64 mamíferos em vias de extinção. A espécie está sob a ameaça devido às mudanças em seu habitat e à pesca excessiva. Outra criatura crítica é o falcão tímido de Sydney, uma libélula preto-e-amarela encontrada somente ao sul da região.
Pelo mundo
O documento, o mais amplo do tipo realizado até hoje e de cuja elaboração participaram 1.700 pesquisadores, mostrou que a população de metade das 5.487 espécies de mamífero do mundo encontrava-se em declínio. Incluem-se no grupo dos mamíferos desde a gigantesca baleia-azul ao minúsculo morcego-nariz-de-porco-de-kitti.
"A população dos mamíferos vem diminuindo de forma mais rápida do que pensávamos - uma de quatro espécies do mundo encontra-se ameaçada de extinção", afirmou Jan Schipper, que liderou a equipe de pesquisadores.
Segundo o especialista, os mais ameaçados eram os mamíferos terrestres da Ásia, onde animais como o orangotango sofrem com o desmatamento. Quase 80 por cento dos primatas da região encontram-se sob ameaça. Dos 4.651 mamíferos sobre os quais os cientistas possuem dados, 1.139 espécies foram consideradas ameaçadas de extinção.
Do total de 2008, 188 mamíferos foram considerados "criticamente ameaçados", a pior categoria antes da de "extinto", entre os quais o lince ibérico (cuja população adulta gira em torno de 84 a 143 indivíduos). Um pequeno roedor de Cuba chamado de "jutía" não é visto há mais de 40 anos.
O desaparecimento do habitat natural e a caça "são, de longe, as maiores ameaças enfrentadas pelos mamíferos", acrescenta Schipper. Entre outras ameaças, o aquecimento global também desempenha seu papel, atingindo espécies do Ártico dependentes das placas de gelo, tais como o urso polar.
(Por Tatiana Feldens, AmbienteJá, com agências internacionais, 07/10/2008)