Correa reclamou de renegociação de contrato com empresa. "Não estamos pedindo esmolas, estamos pedindo justiça", disse presidente
O presidente do Equador, Rafael Correa, ameaçou, no sábado (4), nacionalizar um dos campos de petróleo explorado pela Petrobras e expulsar a empresa do país, como fez com a construtora Norberto Odebrecht no dia 23, caso a companhia brasileira não assine em breve a renegociação de seu contrato. “Eu me reuni com a Petrobras e chegamos a um acordo muito claro, mas eles estão demorando demais para cumpri-lo”, afirmou. “Ou cumprem as exigências ou vão embora do Equador. Não estamos pedindo esmolas, estamos pedindo justiça.”
A ameaça contradiz declaração feita por Correa logo após a aprovação de seu projeto constitucional por referendo, há uma semana, quando descartou a possibilidade, contemplada no texto constitucional, de nacionalizar o setor petrolífero do país. Procurado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", um porta-voz da Petrobrás afirmou que a empresa não foi informada oficialmente da possibilidade de expulsão e, portanto, não vai se pronunciar.
A Petrobrás entrou no Equador em 1986 ao vencer licitação para explorar os blocos 14 e 17. Hoje, atua também no 18, e suas reservas somam 44 milhões de barris. As operações no país representam 0,5% da produção total da estatal brasileira.
Há duas semanas, Correa anunciou o fim do contrato da Petrobrás para a exploração do chamado Bloco 31, apesar de a empresa já ter investido US$ 200 milhões no local. Segundo o ministro de Minas e Petróleo do Equador, Galo Chiriboga, a companhia teria encontrado dificuldades em explorar a área, de elevado risco ambiental - 200 mil hectares do campo de petróleo ficam dentro do Parque Nacional Yasuní, reserva de floresta amazônica. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
(Gazeta do Povo, 06/10/2008)