Para Gildo Francisco Pereira, o acidente é resultado da falta de treinamento dos petroleiros e inspeção de equipamentos, não apenas no Nordeste, mas em todo o país
A Petrobras deve assumir a responsabilidade pela morte de quatro trabalhadores na Estação de Tratamento de Óleo de Furado, em Alagoas. A afirmação é do diretor-colegiado do Sindicato dos Petroleiros de Sergipe e Alagoas (Sindipetro SE/AL), Gildo Francisco Pereira.
As mortes ocorreram durante um acidente, dia 23 de setembro, na estação, localizada no município de São Miguel dos Campos. Além dos quatro mortos, duas pessoas ficaram feridas após a explosão.
Na avaliação do sindicalista, o acidente é resultado da falta de treinamento dos petroleiros e inspeção de equipamentos, não apenas no Nordeste, mas em todo o país. De 2000 para cá, foram registrados 300 acidentes em todas as unidades da Petrobras, com 280 mortes. Somente este ano, já são 16 vítimas fatais. “A Petrobras é a única culpada porque não investe na segurança dos seus trabalhadores”, afirma Pereira.
O membro da executiva nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Antonio Carlos Spis, lembra que, além da falta de investimentos em segurança, a terceirização da mão-de-obra vem precarizando ainda mais as condições de trabalho. "Os salários são baixos e os trabalhadores de empreiteiras costumam receber treinamentos ainda mais precários", diz.
Para ele, isso é resultado de uma política de corte de gastos, a fim de aumentar os lucros da empresa, que, em 2007, atingiu 27 bilhões de reais. “A Petrobras deve ter calculado que sai mais barato pagar indenizações para viúvas do que investir em segurança. Isso é altamente irresponsável”, diz.
O número de trabalhadores terceirizados cresce e corresponde a cerca de três quartos dos petroleiros que atuam na empresa. Atualmente, são 170 mil terceirizados para 50 mil efetivos.
(Por Patrícia Benvenuti, Brasil de Fato, 03/10/2009)