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impactos de hidrelétricas água potável
2008-10-06

Milionários em recursos hídricos, mas, sem água. Camponeses de 42 comunidades da localidade de Zongo, oeste da Bolívia, vêem florescer a indústria elétrica impulsionada por rios de grande torrente, enquanto, paradoxalmente, diminui sua atividade por escassez de água e energia. Zongo é uma região que começa ao pé das montanhas nevadas Haayna Potosí e Chacaltaya, com altitudes de 6.030 e 5.344 acima do nível do mar, e se perde na profundidade de um cânion que termina em uma exuberante e tropical área a cerca de mil metros sobre o nível do mar, ao longo onde estão instaladas 10 hidrelétricas.

As turbinas ganham potência pela força das águas que caem das montanhas nos degelos e fornecem 2095 megawatts às cidades de La Paz, El Alto e Oruro, num total de aproximadamente 1,7 milhão de usuários. Porem, as quase duas mil pessoas que vivem nessa área em 42 comunidades não têm água potável nem eletricidade, disse à IPS o secretário de relações da Central Agrária Originaria Cantão Zongo, Genaro Mamani.

O líder camponês chegou a La Paz junto com outras 30 pessoas, muitas delas tendo caminhado até 16 horas desde suas comunidades para aproximar-se do caminho de ferradura, onde pegaram um transporte até La Paz, distrito ao qual pertence como área rural municipal. Os dirigentes Francisco Choquegonza e José Apaza entregaram à IPS uma cópia da carta enviada ao prefeito de La Paz, Juan del Granado, onde explicam que “a região de Zongo não conta com nenhum tipo de infra-estrutura.

“Nossas escolas não têm tecnologia, nem mesmo boas carteiras, não contamos com banheiros, nem hospital, não contamos com estradas e temos que nos locomover por dias a pé”, afirmam, na carta, entre outras reclamações. Também questionam as obras do prefeito voltadas ao redesenho das avenidas principais da cidade e dos passeios centrais, em contraste com o esquecimento da área rural, que há cerca de 83 anos é produtora de eletricidade para essas zonas urbanas.

Os degelos das montanhas circundam La Paz acumulam-se em lagoas e depois a água é enviada em forma de cascata até as turbinas que, instaladas uma após a outra em uma quebrada natural desde 4.751 metros acima do nível do mar geral grande quantidade de eletricidade. Para atingir a potência necessária para movimentar as turbinas os pequenos rios, riachos e correntes de água são desviados para um leito artificial para uso industrial, obra que causou a morte de espécies como a truta, disse Mamani. As famílias da região empregam querosene como combustível para iluminar suas casas e os estudantes fazem os deveres escolares à luz de pequenas lamparinas.

Segundo Mamani, apenas seis das 42 comunidades da região têm serviço de eletricidade. A lenha colhida serve para cozinhar devido à falta de gás liquefeito de petróleo, combustível inexistente na área por falta de meios de transporte, lamentou o dirigente. Os moradores aproveitam as condições climáticas e a fertilidade da terra para cultivar coca que, segundo Mamani, existe na região desde 1550, quando os colonizadores começaram a empregar o vegetal como suplemento alimentício para os escravos das minas de prata.

Hoje, os camponeses do lugar produzem até três colheitas por ano e uma cesta de 22,68 quilos é cotada até o equivalente a US$ 120. Na maioria dos casos é uma das poucas fontes de renda para as famílias pobres, explicou o dirigente. As condições da região também são apropriadas para produzir banana, arroz e cítricos, mas a falta de estrada para passagem de veículos de grande tonelada exclui qualquer possibilidade de comercializar a produção de La Paz.

Entre os pedidos ao prefeito Granado está a construção de uma estrada de mão dupla que facilite o transito de veículos de serviço público para passageiros e carga, em lugar da via estreita, de uso quase exclusivo para manutenção das hidrelétricas. Os dirigentes de Zongo estão decididos a conseguir uma resposta do governo municipal e se não forem ouvidos ameaçam desviar a água usada para gerar eletricidade, até à interrupção do serviço, que deixaria La Paz e El Alto às escuras.

(Por Franz Chávez, Envolverde, IPS, 03/10/2008)


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