Muita disposição para empreender e uma criação familiar em que conscientização ambiental era constante foram os ingredientes a fazerem dos jovens Leonardo Aguiar, 21, Matheus Cardoso, 19, e Cleomácio Soares, 21, um trio de sucesso hoje na região da cidade de Rezende, no Rio de Janeiro.
Amigos de infância, estavam todos empregados em indústrias da região, quando souberam que iria se instalar no município uma usina de biodiesel. A partir daí, focaram em tornarem-se fornecedores dela, aliando a perspectiva de rendimento financeira à resolução de um problema ambiental sério: a necessidade de coleta e destinação adequada do óleo de cozinha usado. Os rapazes pediram demissão e fundaram a Ecoleta Comércio e Serviços de Reciclagem, em dezembro de 2007.
A usina não foi para frente, terminou nem saindo do papel. Mas o esforço do trio, ao contrário, tem resultado em marcas ascendentes de coleta do produto, o que foi obtido por intermédio de parcerias com 42 escolas. Distribuídos pelas cidades de Resende, Itatiaia, Quatis e Porto Real, os estabelecimentos de ensino são beneficiários diretos do projeto, batizado de Viva Óleo.
Ele funciona como uma gincana de pontos e prêmios entre as escolas participantes. A equipe do projeto percorre periodicamente os estabelecimentos de ensino da região promovendo palestras, exposições e feiras, sempre abordando temas relacionados aos 3 Rs (reduzir, reciclar, reutilizar).
A partir da primeira palestra, a escola recebe gratuitamente um recipiente para armazenagem do óleo e torna-se um ponto de coleta - o eco-ponto. A cada cinco litros recolhidos, a escola soma um ponto no seu placar do Viva Óleo. Os prêmios são adquiridos mediante o acúmulo desde 5 a 2000 pontos, trocados respectivamente por telas de pintura e computadores, passando por materiais esportivos e didáticos.
Essa estratégia socioambiental facilitou a adesão de empresas da região, pois elas também participam da gincana, entregando o óleo usado ao seu eco-ponto / escola preferido. Mais que isso, o projeto viabilizou para grande parte delas o cumprimento da Lei Municipal 2632, que determina a obrigatoriedade dos estabelecimentos comerciais geradores darem a destinação correta para o óleo de cozinha pós-uso.
Todo o material coletado recebe tratamento e é destinado a uma usina produtora de biodiesel em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense. Em setembro, foram coletados 3.600 litros. “Temos tido ascensão constante desde o início do projeto”, disse a AmbienteBrasil Leonardo Aguiar.
Conforme o negócio vai ganhando escala, o trio já vislumbra a possibilidade de instalar a própria usina, em parceria com a atual compradora. Segundo Leonardo, nos próximos dias, será feita a primeira entrega de prêmios a uma escola participante do projeto – a Abrahão Hermano, da rede municipal de Resende. O estabelecimento vai ganhar uma rede e uma bola de voleibol, o solicitado ao projeto.
(Por Mônica Pinto, AmbienteBrasil, 03/10/2008)