O presidente do Equador, Rafael Correa, decidiu manter as sanções contra a construtora brasileira Odebrecht e quer que a empresa deixe o país após problemas com a reforma da hidrelétrica de San Francisco, construída pela Odebrecht e que está fora de operação há quatro meses.
A companhia brasileira teve seus bens embargados na semana passada, quando Correa firmou um decreto ordenando a ocupação militar das obras e a proibição de que funcionários da empresa deixassem o país. O presidente afirmou que o embargo se deu devido à demora na restauração da usina. Apesar de o decreto presidencial sobre a Odebrecht não determinar a saída da companhia do Equador, Correa falou nesta quinta-feira (2) em "expulsão".
"Estamos analisando, muito seriamente, sua expulsão. Basicamente, estamos analisando questões técnicas, jurídicas e econômicas, mas a princípio minha vontade, nosso desejo, é de que não voltem [a trabalhar no Equador]", afirmou. Segundo Correa, "empresas que enganam o país apenas diante de um ato firme, como a expulsão, reconhecem o que estritamente corresponde ao Estado equatoriano".
Acordo
O governo exige o pagamento de uma indenização pelos danos causados pela paralisação da hidrelétrica de San Francisco, inaugurada em junho de 2007. O presidente destacou que na semana passada a Odebrecht comunicou sua disposição de aceitar as exigências do Equador sobre a central energética.
As exigências que teriam sido aceitas pela empreiteira correspondem ao pagamento de uma indenização de US$ 43 milhões pelos prejuízos causados pela paralisação da usina. Durante a recente reunião em Manaus, Correa conversou sobre o tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que manifestou sua confiança em uma solução negociada e descartou que o problema afete a relação entre os dois países.
A usina, com uma potência prevista de 230 megawatts e capacidade para abastecer 12% da energia do país, parou de funcionar em junho de 2008 por apresentar falhas em seu funcionamento.
De acordo com o governo equatoriano, a paralisação coloca em risco o abastecimento do país e poderia ocasionar apagões. Por sua vez, a Odebrecht afirmou que durante o primeiro ano de funcionamento a usina operou com capacidade superior à projetada sob a responsabilidade do governo.
(Folha Online, 03/10/2008)