Em meio ao terremoto que atinge a economia americana, o Alasca vem se revelando uma surpreendente exceção. O território gelado perdido nos confins do Ártico, cuja beleza natural selvagem atrai uma série de aventureiros e turistas dos quatro cantos do mundo, passa pelo momento mais próspero de sua história. Até o final do ano, a arrecadação de impostos deve chegar a 11,2 bilhões de dólares, mais que o quádruplo do total registrado em 2004.
O progresso teve impacto direto na vida dos moradores. Há dois anos, o Alasca registrou a sexta maior renda per capita do país. Hoje, ocupa a segunda posição nesse ranking, com uma média de rendimento de 65 133 dólares por ano (em Nova York, por exemplo, o valor é de 57 158 dólares). A circulação de dinheiro vem movimentando setores importantes, como o mercado imobiliário. Mesmo durante a maior crise dessa área na história recente dos Estados Unidos, os preços das residências no Alasca apresentaram alta de 1,9% nos últimos 12 meses, ante um decréscimo de 11,8% no restante do país durante o mesmo período.
O fator que vem aquecendo a economia do estado é o ciclo de alta de preços do petróleo. Atualmente, 14% do combustível produzido nos Estados Unidos sai das plataformas do Alasca. O produto é responsável por quase 90% do PIB do estado, que instituiu uma das maiores cargas tributárias do mundo para as empresas que exploram a riqueza em seu território.
Em média, três quartos do valor de cada barril produzido por ali vão direto para os cofres do governo estadual. Portanto, quanto mais caro o barril, melhor para o Alasca. Melhor também para a republicana Sarah Palin, que assumiu o governo do estado em 2007, colecionou superávits orçamentários e ganhou uma taxa de aprovação expressiva da população, até deixar o cargo em agosto para ocupar a vice-presidência na chapa do colega de partido John McCain.
(Por Tiago Maranhão, Exame, 02/10/2008)