Tipo de trabalho: Dissertação de Mestrado
Instituição: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP)
Ano: 2008
Autor: Rafael Rodrigues da Silva
Contato: rafaelrs.ga@gmail.com
Resumo:
Em todo o mundo, existe uma crescente competição pelo uso de água entre os diversos setores da sociedade. A agricultura é uma grande consumidora do total de água doce disponível. Neste contexto, é desejável uma realocação dos recursos hídricos usados na agricultura para outros setores, tais como o abastecimento público. Desde que realizada de forma controlada, a irrigação com efluentes de estação de tratamento de esgoto (EETE) é altamente atrativa, pois além de possibilitar a liberação de recursos hídricos de melhor qualidade para outras atividades humanas, serve como uma forma de tratamento complementar do efluente, fornecendo ainda água e nutrientes essenciais aos cultivos agrícolas. No entanto, o uso sustentável dos EETEs na agricultura depende não apenas dos aspectos químicos, físicos e biológicos do sistema soloplanta- água, como também de aspectos sócio-econômicos. Assim, o presente trabalho teve por objetivo estudar os efeitos da irrigação com EETE no agrossistema, avaliando a aceitação da prática pelo proprietário rural e mapeando as áreas potencialmente irrigáveis com efluente no município de Lins. Dos 15 proprietários entrevistados, todos se mostraram favoráveis à prática e destinariam, ao menos uma parte da propriedade, para irrigação com o EETE. O fato do resíduo (efluente) originar-se do tratamento de esgoto urbano não influenciou a percepção dos agricultores quanto ao potencial de aproveitamento agrícola do efluente. O principal fator determinante da maior ou menor aceitação da prática diz respeito aos possíveis ganhos econômicos envolvidos (maior produtividade e menor despesa com fertilizantes minerais). Para os proprietários, o maior empecilho à adoção generalizada da prática corresponde aos custos envolvidos no transporte do efluente até as propriedades. Da área total do município de Lins, 73,42% estão cultivados com pastagens e cana-de-açúcar. Considerando-se as instruções técnicas utilizadas para a definição das áreas apropriadas para irrigação com efluente, existe no município um potencial de 112,9 km2 de áreas aptas, ou seja, 19,82% da área total do município passível de receber EETE via irrigação por aspersão. A inexistência de bases legais que regulamentem o uso deste subproduto, se apresenta como o principal fator limitante para a irrigação de culturas no município de Lins.