Você sabia que a banana já foi transgênica? E que existem camundongo e cabra geneticamente modificados? Passadas mais de duas décadas, o assunto ainda causa dúvidas e polêmica na população, principalmente sobre supostos riscos à saúde com o consumo de alimentos. Ao mesmo tempo, essa tecnologia cresce no mundo inteiro. Prova disso é que dezenas de empresas em várias países pesquisam e desenvolvem transgênicos.
Palestrante do 14º Seminário de Iniciação Científica, que acontece na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), a jornalista de São Paulo, Ruth Helena Bellinghini, diz que a sociedade precisa se informar mais sobre o assunto. Além disso, afirma que transgênicos e biotecnologia não são sinônimos. “Biotecnologia é uma coisa muito mais ampla e muito mais antiga.” Segundo Ruth, o Ministério da Ciência e Tecnologia destinou R$ 10 bilhões que serão distribuídos ao longo de dez anos para investimentos no setor. “Aparentemente é muito, mas na verdade é pouco. O Arnold Schwarzenegger (governador da Califórnia) liberou US$ 6 bilhões só para pesquisas com célula-tronco embrionária. Então imagina para o resto...”
A jornalista, que trabalhou nas áreas de saúde e ciências, faz questão de ressaltar que essa tecnologia não serve para tudo. “As pessoas têm essa idéia que amanhã tudo vai ser transgênico. Soja transgênica é ótima para o Rio Grande do Sul, por causa do clima. Para o Mato Grosso, onde o problema é ferrugem, não é tão interessante assim”, esclarece. “Você tem espaço para várias tecnologias em várias regiões, para atender diversas demandas. O importante é que o agricultor e o consumidor final se interem, saibam do que se trata e façam a melhor escolha diante das suas necessidades e convicções.” Antes da palestra, na noite de terça-feira, Ruth conversou com a Gazeta do Sul no Charrua Hotel.
(Por Roberto Patta, Gazeta do Sul, 02/10/2008)