Movimentos sociais do Rio Grande do Sul criaram A Outra Campanha para debater com setores da população a ineficiência das eleições. Guilherme Runge, do Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha (RS), defende que população se organize independente dos governos.
A falta de acesso à saúde, educação e trabalho que a população enfrenta e o início do processo eleitoral nos municípios do país motivou movimentos sociais do Rio Grande do Sul a propor A Outra Campanha. A proposta é inspirada na experiência iniciada pelos zapatistas em 1994, no México, e é adequada à realidade brasileira.
Guilherme Runge, do Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha, na região metropolitana, aponta que as organizações que participam da A Outra Campanha não apóiam candidatos que estão concorrendo às eleições, nem participam de partidos políticos.
“A gente acredita que essa postura que foi impulsionada pelos zapatistas vai ao encontro da nossa política de independência de classes e de protagonismo popular. É uma proposta que não passa pelas eleições, mas se coloca realmente à esquerda e com os de baixo e caminha no sentido da construção de poder popular”, diz.
A Outra Campanha defende que a população se organize de forma independente e sem contar com a ajuda do governo. Também considera que as eleições pouco mudam a realidade do povo. Por isso, A Outra Campanha se organiza em comitês formados nas cidades e tem uma agenda de mobilizações que prossegue após as eleições.
Em Porto Alegre, na Capital gaúcha, Runge aponta que a prioridade é se mobilizar contra o projeto da prefeitura de revitalização do centro, que está prejudicando moradores de rua e catadores.
“O que a gente vem discutindo bastante é a questão dos setores que estão sendo prejudicados com a revitalização do centro. A gente está reunindo moradores de rua, catadores. Da para dizer que o tema central na discussão da cidade é essa reestruturação urbana que está expulsando os pobres do centro urbano”, diz.
A Outra Campanha é coordenada pelo Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCMR), Sindicato dos Municipários de Cachoeirinha e Resistência Popular em Porto Alegre, Viamão, Guaíba, região de Gravataí, Vale dos Sinos, Vale do Rio Pardo e Passo Fundo. Também está presente no Mato Grosso, Alagoas e Bahia.
(Por Paula Cassandra, Agência Chasque, 01/10/2008)