A mineração do mármore e do granito está destruindo a vegetação nativa e contaminando a água no Espírito Santo. A contaminação da água é feita pela lama abrasiva, altamente tóxica. Não há fiscalização competente dos órgãos ambientais, como Ibama e Iema, e das prefeituras. A situação é mais grave no noroeste e norte, mas é registrada em todo o Estado.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Mármore, Granito e Calcário (Sindimármore), Agnaldo Grillo, afirmou nesta quarta-feira (1) que a situação é grave. Relata que o sindicato não tem números, mas em todo o Espírito Santo há contaminação dos recursos hídricos por empresas de mármore e granito.
A fiscalização do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) coibe a destruição ambiental promovida pelas empresas de mármore e granito.
Agnaldo Grillo explicou que é freqüente o encaminhamento de denúncias de contaminação de córregos e rios por moradores ao Sindimármore. E que os moradores não sabem a quem recorrer. Em alguns casos, as empresas lançam seus rejeitos diretamente na água.
Na maioria dos casos ocorre infiltração, transbordamento ou rompimento dos tanques onde é armazenada a lama abrasiva. A lama é o resultado do processo de serragem do mármore e granito, e além do pó das pedras é composta por granalha de ferro e cal. Em algumas empresas com processos de produção ainda mais antigos, a lama ainda contém corbureto.
A lama mata toda a espécie de vida existente nos córrego e rios. A contaminação ainda impede o uso da água nas irrigações e até para consumo. É um agravante na área de recursos hídricos no Espírito Santo, onde os córregos e rios estão secos.
A contaminação dos rios não é o único problema causado pelas mineradoras. O presidente Agnaldo Grillo denuncia que muitas mineradoras também destroem vegetação nativa. Nestes casos as pedreiras estão localizadas próximas das matas. Os casos relatados ao Sindimármore são encaminhados aos órgãos ambientais, segundo afirmou o presidente.
No norte e noroeste do Estado 80% das mineradoras estão irregulares e boa parte dessas irregularidades são na área ambiental. No sul, o índice é menor, da ordem de 30%, segundo afirmou o presidente do Sindimármore.
A legislação exige que as empresas adotem medidas de controle ambiental na mineração. Nas que fazem a serragem é exigido a construção de tanques para armazenamento do rejeito. Em um conjunto de tanques é feita a secagem e recolhido o rejeito, para deposição em local adequado. Algumas empresas adotam os chamados filtros-prensas para retirar a água usada no processo.
No Espírito Santo existem 2.400 empresas que processam o mármore e granito, incluindo as serrarias. O setor emprega 25 pessoas, e os índices de acidentes e os casos de morte são elevados.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 01/10/2008)