Entrevista: Valdomiro Vergueiro, líder dos caingangues do Morro do OssoCom uma lança de madeira em mãos, simbolizando disposição para a luta, o cacique Valdomiro Vergueiro recebeu ZH para dar sua versão sobre a polêmica da preservação da área:
Zero Hora – Como o senhor avalia a situação ambiental na área onde se encontram hoje?
Cacique Valdomiro Vergueiro – Nesse caminho passavam carros e caminhões. Hoje, não passa nem moto. A mata fechou de novo. Estamos preservando a mata. Sofremos preconceito de quem nos critica. A população de Porto Alegre tem de chegar mais perto de nós para saber o que está acontecendo. Se não tivéssemos entrado aqui, essa mata não existiria mais.
ZH– O senhor quer que a população visite o local?
Cacique Valdomiro – Claro, o acesso está aberto. Podemos mostrar que estamos reflorestando o Morro do Osso. Alguns dias atrás, a Smam pediu para fazer fotos e não deixamos. Dali a pouco, passaram de avião, fotografando. Não estão respeitando a minha liderança. Eles querem avançar, mas é a Justiça que tem de decidir (sobre a posse da área). Eu sou o cacique da comunidade, quando disser que não pode fazer alguma coisa, não devem fazer.
ZH – E se houver decisão da Funai ou da Justiça de que vocês devem sair?
Cacique Valdomiro – Temos de esperar a Funai vir reconhecer, mas o município não está esperando. Estão com pressa de tirar os índios. Temos vestígios que garantem a nossa permanência aqui. Não adianta o município vir aqui com negociação para dar outra área em troca. Não vamos negociar. Queremos permanecer aqui.
(Zero Hora, 02/10/2008)