Água do Rio Taquari apresenta índice elevado de coliformes fecais
Período dedicado à reflexão segue até o dia 4. Em Lajeado é de boa qualidade, mas o Rio Taquari apresenta degradação
Responda rápido: quantas vezes você deu importância à água? Se sua resposta é quando ela acaba, você não é o único. A 15ª Semana Interamericana e 8ª Semana Estadual da Água, de 27 de setembro a 4 de outubro, servem de estímulo para uma mudança de opinião com relação a um recurso natural indispensável para a vida humana, mas que nem sempre é tratado como merece. Com o slogan A água leva, a água lava... Você limpa a água?, a campanha busca incentivar os cuidados que o consumidor deve ter. Motivos para preocupação com a qualidade e a quantidade do líquido é o que não faltam no Vale do Taquari.
Em Lajeado, a água consumida em 22 mil residências abastecidas pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) está dentro dos níveis considerados padrão. Segundo a facilitadora ambiental da unidade, Malta Maria Fluck, o líquido não apresenta problemas de cheiro e gosto, exceto quando há defeito nas caixas d’água. Apesar de o nível do Rio Taquari ter registrado queda nos últimos anos, não há risco de escassez. Durante a Semana da Água, a Corsan dá prosseguimento às visitações à Estação de Tratamento de Água (ETA) e às palestras realizadas nas escolas. "Procuramos passar que tem de haver preocupação não apenas com o custo da água, mas também com o meio ambiente", ensina. A ETA produz 361 litros por segundo, trabalhando 20 horas por dia. O consumo médio por família (quatro pessoas) é de 15 metros cúbicos por mês.
Rio dos Sinos serve de exemplo negativo
O volume de água do Rio Taquari, por enquanto, não preocupa. "Tem suficiente se não houver nenhuma mudança significativa", afirma o coordenador do curso de Engenharia Ambiental da Univates, Everaldo Ferreira. Mas como a qualidade não está relacionada à quantidade, a avaliação de material coletado no local preocupa. Em alguns pontos, como em Lajeado, a água do Rio Taquari foi enquadrada na classe 4 em coliformes fecais - a pior de todas, propícia apenas para navegação e paisagismo -, pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (Fepam/RS). "Não temos um sistema de tratamento de efluentes domésticos. Tudo vai parar no Rio Taquari", explica.
Para o professor, o resultado coloca a região em alerta para que não se repita a degradação ocorrida em 2006, no Rio dos Sinos. Na ocasião, o despejo de esgoto orgânico e químico provocou a morte de um milhão de peixes, um crime de grandes proporções para o ecossistema. De acordo com Ferreira, ao longo de sua extensão a bacia do Taquari-Antas está rodeada por uma grande variedade de atividades econômicas e industriais. Como conseqüência, também é alto o número de fontes de poluição. Há alguns anos foi constatada a presença de arsênico no Rio dos Sinos. O material era oriundo do Rio Taquari. "É um metal pesado e extremamente cancerígeno", observa Ferreira. A partir do ano que vem, a tarefa de análise ganha um reforço, já que a Univates irá adquirir um novo instrumento para medir a poluição no local. Segundo o professor, a água não pode ser tratada como um elemento barato e inesgotável. "De todos os recursos que nós temos, a água é o mais importante", define.
(Por Danton Boattini Júnior, O Informativo do Vale, 30/09/2008)