O destino, e talvez a sobrevivência, das chimpanzés Megh, de 4 anos, e Debbie, de 3, dependem hoje da Justiça. Desde 2005, depois que um zoológico do Ceará foi fechado, as duas moram em um santuário ecológico, construído pelo ambientalista Rubens Forte, no interior de São Paulo. Também, desde essa época, se prolonga um processo judicial que pode levá-las de volta para a África, habitat natural delas, onde, segundo especialistas, elas não mais sobreviveriam. “Aqui elas têm toda infra-estrutura e carinho de que precisam”, argumenta Forte.
Há alguns meses, o santuário foi homologado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que hoje reconhece que a ação que movia na Justiça não se justifica mais. “As chimpanzés vivem muito bem. Agora elas estão humanizadas e não sobreviveriam se soltas no meio de outros chimpanzés”, diz Antônio Ganme, chefe de fiscalização da fauna do Ibama.
Constatado isso, o próprio Ibama desistiu da ação. Mas o Ministério Público manteve o processo. Há alguns meses, uma sentença decidiu que as chimpanzés deveriam ser devolvidas à África. Foi quando Rubens Forte entrou com um pedido de habeas-corpus – recurso jurídico utilizado para proteger a liberdade de um cidadão – para permanecer com as macacas. A solicitação está em julgamento.
Outro caso que causou polêmica, em março, foi a perda de dois papagaios dos irmãos do grupo KLB para o Ibama. Os bichos foram apreendidos porque a família não tinha a documentação correta. De um lado, a família diz que os bichos eram bem tratados e não tinham as asas cortadas, pois moravam em uma chácara com liberdade. De outro, o Ibama afirma que não pode permitir que animal silvestre nenhum fique preso, para não incentivar a venda e tentar diminuir o impacto que a falta de uma ave faz na natureza. Diferentemente dos macacos, papagaios são facilmente reintroduzidos no habitat natural.
(Por Andrea Miramontes, Folha Universal, 29/09/2008)