Os pingüins salvos no Espírito Santo pelo Instituto Organização Consciência Ambiental (Orca) começam a ser devolvidos ao Sul do País nesta segunda-feira (29). Setenta deles serão embarcados para Salvador, na Bahia, de onde seguem para o Sul. O Orca não contou com apoio nem da Superintendência do Ibama nem da Seama/Iema para proteger os animais.
Só de sardinha, alimento dos pingüins, o gasto é de R$ 300,00 por dia. Sem apoio financeiro da Superintendência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Espírito Santo e da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama)/Iema, o Instituto Orca não mais recebe pingüins.
Sem confirmar ou informar que o Orca teve de se virar sozinho para alimentar e tratar as doenças dos animais, e destacando que contou com apoio de um funcionário do Ibama, Lupércio Araújo, diretor do instituto, explicou que não mais recebe pingüins, pois o local para onde estavam sendo levados foi desativado por contaminação. Cerca de 40 animais ainda permanecem no Planet Sub, em Guarapari, para onde foram levados.
Lupércio Araújo confirma os gastos de R$ 300,00 por dia apenas com alimentação dos animais. E se queixa de que não tem mais recursos para tratar dos pingüins. Médico humano de formação, pesquisador marinho por opção, o diretor do Instituto Orca explica que os pingüins chegaram ao Espírito Santo - muitos foram parar no Nordeste - em quantidade jamais registrada antes, por causa do aquecimento global.
O aumento da temperatura foi de um grau na superfície das águas do Sul do continente. A falta de alimentos na região debilitou os animais, a maioria jovens, e eles foram trazidos por correntes marinhas para o Sudeste e até ao Nordeste do Brasil boiando. Muitos dos que foram resgatados tinham cerca de 500 gramas, quando o peso do animal pode chegar a 4 quilos.
Parte dos animais que foram recuperados, a quase totalidade pelo Instituto Orca - os outros pelo Tamar em suas bases - começa a ser mandado para o Sul. O anilhamento e o envio dos animais estão sendo feitos pelo Ibama, apoiado pelo Instituto Orca.
O trajeto para o Sul começa com o envio de 70 pingüins para Salvador, na Bahia. Vão em espaço cedido em avião da TAM. No Instituto de Mamíferos Aquáticos (IMA), os animais serão juntados a outros e encaminhados para o Rio Grande do Sul na próxima quarta-feira (31). Vão em vôo da Força Aérea Brasileira (FAB) para Pelotas, no Rio Grande do Sul. De carro, serão levados para o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (CRAM). Na próxima quinta-feira serão soltos no mar.
Há cálculos de que foram recolhidos cerca de 300 pingüins este ano no Espírito Santo. Até novembro podem chegar pingüins nas costas capixabas.
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 30/09/2008)