Ambientalistas e pequenos agricultores de comunidades rurais de São Sepé, no Centro gaúcho, vêm se mobilizando contra a monocultura de eucalipto. A atividade se tornou mais intensa há dois anos na região, com a chegada da empresa Aracruz Celulose.
Apesar de ainda o cultivo estar no início, os camponeses temem os efeitos sociais e no meio ambiente que a monocultura pode acarretar. O presidente da organização não-governamental Ecolaje, Luiz Armando Simões Barrios, conta que o principal efeito é a expulsão dos agricultores do campo devido à pressão da empresa para comprar as terras e a falta de incentivo dos governos para a diversificação na pequena propriedade.
No entanto, a expansão da empresa se dá em outros setores, como o da educação. “Essa região é de pequenos e médios agricultores, que estão se sentindo angustiados, pressionados, estão à mercê dessa ação avassaladora da Aracruz. Vieram com essa discussão de desenvolvimento. A Secretaria Municipal de Educação chegou a abrir as portas para a empresa, que vai lá, faz palestras para os estudantes, pega eles e leva para as lavouras”, conta.
No último sábado (27), cerca de 60 pessoas participaram de um seminário no auditório da Câmara de Vereadores de São Sepé para debater o tema. Os participantes formularam uma carta-compromisso em que rechaçam a monocultura de eucalipto na região. Também cobram dos governos mais investimento na diversificação das pequenas propriedades em atividades como o leite, fruticultura, ovinocultura e agricultura.
Barrios ainda critica o Sindicato Rural de São Sepé, que apóia a monocultura do eucalipto como forma de desenvolvimento na região. O ambientalista pondera que apesar de os produtores defenderem o plantio, eles não abrem mão de suas propriedades. Assim, a monocultura acaba se instalando entre os camponeses.
“A gente questiona essa questão do eucalipto como sinônimo de desenvolvimento. Achamos que ele passa por outras possibilidades, como a diversificação das atividades nas propriedades”, afirma.
Em relação a impactos ambientais, Barrios teme o ressecamento das nascentes do rio São Sepé. A atividade tem se instalado em comunidades em que as nascentes surgem, como em Cerrito do Ouro e no Rincão dos Teixeiras.
Além do seminário na semana passada, a ONG Ecolaje já havia realizado um evento sobre o tema no ano passado. Mais atividades estão sendo programadas para o próximo período.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 29/09/2008)