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manguezais
2008-09-30

A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) promoverá a discussão sobre as alternativas mais eficazes para reabilitar os manguezais do delta do rio Irrawaddy, na Birmânia, duramente afetado no começo de maio pelo ciclone Nargis. Esta organização ambientalista vai realizar em novembro uma conferência científica na Tailândia na qual especialistas florestais birmaneses e de outros países da região discutirão o manejo sustentável do ecossistema de manguezais.

“Será uma oportunidade para discutir com especialistas birmaneses e superar em parte o problema da falta de contato direto com esse país”, governado pelas forças armadas com mão-de-ferro desde 1962, disse à IPS Don Macintosh, coordenador da Manguezais para o Futuro, uma iniciativa da IUCN. “Ajudar a replantar manguezais no delta do Irrawaddy é uma área de interesse. Mas, antes de iniciar qualquer trabalho de reabilitação do ecossistema temos de conhecer a magnitude dos danos. Devem ser realizadas pesquisas adequadas”, disse Macintosh.

Os esforços para reabilitar os manguezais são parte de uma tendência que se afirma na Ásia meridional e central, região que sofreu vários desastres naturais ligados à mudança climática. Segundo ambientalistas, a destruição dos manguezais deixou as comunidades litorâneas mais vulneráveis diante da elevação do nível do mar durante tempestades de grande intensidade. Ao mesmo tempo, priva o planeta de uma muito necessária fonte de absorção de anidrido carbônico, um dos gases causadores do efeito estufa, aos quais a maioria dos cientistas atribui o aquecimento do planeta.

O ocorrido no delta do Irrawaddy durante a passagem do ciclone Nargis reforça esse enfoque. O saldo de vítimas não tem precedentes na Birmânia. Segundo o governo, houve 84.537 mortos e 53.836 desaparecidos, enquanto 2,4 milhões de pessoas foram severamente afetadas. Mas, estimativas privadas calculam os mortos em 300 mil e os prejudicados em torno dos 5,5 milhões. A destruição dos manguezais ao longo das últimas décadas foi apontada por especialistas como a razão fundamental que deixou as comunidades costeiras expostas ao avanço do mar, que penetrou até 40 quilômetros terra adentro.

Entre 1924 e 1988, cerca de 82% dos manguezais do delta foram destruídos, segundo a não-governamental Associação de Desenvolvimento Ambiental e Conservação dos Recursos Florestais, da Birmânia. Dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) revelam que a área de manguezais no delta do Irrawaddy apenas supera atualmente os cem mil hectares, menos da metade da superfície que ocupava em 1975. Um informe publicado na revista Journal of Biographgy diz que a taxa de desmatamento de manguezais na Birmânia, de 1% ao ano, é a mais alta entre os sete países afetados pelo tsunami de 2004 que foram investigados.

Mas a Birmânia não está incluída na iniciativa para a proteção dos manguezais da IUCN, que cobre Índia, Indonésia, Ilhas Seychelles, Sri Lanka e Tailândia. A razão é que os membros desse grupo não estabeleceram “diretrizes claras” para trabalhar com esse país. A criação do programa foi uma resposta aos chamados para contar com recursos dirigidos ao fortalecimento da preparação em caso de desastres das comunidades costeiras vulneráveis, em lugar do enfoque tradicional concentrado nas tarefas de assistência e reparação depois que ocorrem. A iniciativa foi posta em prática depois do tsunami de 2004, que arrasou o litoral de 11 nações asiáticas, com saldo de 222.495 mortos.

A prevenção está ganhando terreno. “Dez por cento dos habitantes do mundo vivem a menos de 10 metros acima do nível do mar, zonas de alto risco diante de tempestades e inundações. De todos eles, 74% vivem na Ásia”, diz um informe divulgado esta semana pela organização humanitária cristã World Vision. “Os manguezais que serviram como barreiras naturais contra o aumento do nível do mar e impedindo que a água salgada se infiltrasse foram significativamente debilitados. O efeito é que cada vez mais pessoas vivem em áreas de alto risco, mas estão cada vez menos protegidas”, acrescenta o documento.

“Replantar manguezais ajudará a reduzir os riscos nessas comunidades. Trata-se de uma questão-chave e é preciso investir mais dinheiro”, disse à IPS Richard Rumsey, da seção de Emergências e Assuntos Humanitários da World Vision para a área Ásia-Pacífico. Mas, garantir a disponibilidade dos fundos exigirá uma mudança radical na atitude dos doadores internacionais, pois, segundo o informe, apenas “4% dos US$ 10 bilhões investidos a cada ano em assistência humanitária são destinados à prevenção” de desastres. Outra vantagem de reabilitar os manguezais é sua contribuição na luta contra a mudança climática.

“São um dos melhores sumidouros de carbono, porque retêm melhor do que as árvores o dióxido de carbono na terra através da estrutura de suas raízes”, afirmou à IPS Jim Enright, coordenador para a Ásia do Projeto de Ação Manguezais, organização ambientalista com sede em Washington. Entretanto, “o que aprendemos até agora indica que plantar uma árvore é mais fácil, mas, semear a semente do desenvolvimento sustentável também o é”, advertiu Maria Osbeck, do Instituto do Meio Ambiente de Estocolmo. “Os programas devem levar em conta os aspectos sociais e econômicos do manejo dos recursos das áreas costeiras e encontrar um equilíbrio entre as necessidades das pessoas e a natureza”, afirmou Osbeck.

(Por Marwaan Macan-Markar, Envolverde, IPS, 26/09/2008)


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