O difícil acordo nuclear com a Coreia do Norte parece se esvaziar após um período de esperança no qual a Coréia lacrou seu reator nuclear em Yongbyon e dramaticamente implodiu sua torre de resfriamento. Funcionários interromperam o desmantelamento do complexo no último mês, depois de os Estados Unidos se negarem a retirar a Coreia do Norte da lista de países terroristas – um passo em direção ao restabelecimento da diplomacia. Agora, técnicos em Yongbyon estão se preparando para reativar a aparelhagem que produz armas de plutônio
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, está visivelmente instável, e há informações de que talvez ele esteja seriamente doente, levantando dúvidas sobre quem está no comando. Nunca ficou claro se Pyongyang realmente quis abrir mão de suas armas. Neste caso, a administração Bush tem boa parte da culpa.
O vice-presidente Dick Cheney e outros funcionários linha-dura da administração nunca quiseram negociar com a Coreia do Norte. Por seis anos, eles bloquearam qualquer conversação. Durante esse tempo, a Coreia no Norte produziu plutônio suficiente para produzir pelo menos quatro armas adicionais e testar armas nucleares.
Nos últimos dois anos, a secretária de Estado Condoleezza Rice e um competente time de diplomatas têm administrando o show. Mas agora parece que Cheney e companhia estão de volta ao comando. O governo insiste que para retirar a Coreia do Norte da lista de países terroristas, primeiro Pyongyang deve aceitar o plano de verificação de seus programas nucleares que apenas países vencidos de guerras devem aceitar.
De acordo com David Albright, especialista em proliferação de armas nucleares, a administração Bush está insistindo que os inspetores internacionais devem ter acesso a quaisquer locais, documentos, indivíduos ou amostras norte-coreanas que quiserem, havendo ou não uma ligação plausível com programas nucleares. Albright é duro em afirmar que ninguém está insistindo na transparência nem na verificação. Mas diz que a proposta dos EUA era uma “licença para espionar.”
Os norte-coreanos já trapacearam no passado e ainda não responderam perguntas chaves sobre a atividade nuclear do país. Nós acreditamos que um regime robusto de verificação é absolutamente essencial. Entretanto, a proposta da administração Bush tornou inviável qualquer acordo duradouro.
Antes que o acordo não tenha sucesso, Rice deve afastar a política linha-dura e apresentar um programa mais realista de verificação. Esperamos que a notícia de que seu mais importante negociador, Chris Hill, está viajando para a Coreia do Norte signifique que um balanço pode ser alcançado.
Ela deve também persuadir seu chefe, o presidente Bush, a tirar o mais rápido possível a Coreia do Norte da lista de países terroristas. Se a Coreia do Norte não se encontrar com esses comitês, ela poderá ser colocada de volta na lista.
Acreditamos que a Coreia do Norte deve desistir de suas armas e abandonar o comércio de tecnologia e know-how nuclear. Não sabemos se isso um dia vai acontecer. Se há alguma chance, isso vai requerer vigilância e flexibilidade.
(NYT, Ultimo Segundo, 29/09/2008)