Moradores da Capital querem que Celesc desenhe um novo traçadoO posto de pedágio desativado da SC-401, que leva ao Norte da Ilha, foi o palco de protestos na manhã de sábado. Sob chuva intensa, as Associações de Moradores de Ratones, da Vargem Pequena e da Comunidade Sol Nascente, no Bairro João Paulo, fizeram um ato público pedindo a mudança de traçado da nova linha de transmissão de energia da Celesc. Cerca de 50 pessoas estiveram presentes. A empresa deve se manifestar hoje.
Os moradores vestiram camisetas, usaram faixas e cartazes e distribuíram panfletos explicando sobre supostos riscos. A nova linha, com 138 mil volts, será seis vezes mais potente do que a atual, e atingirá cerca de 150 moradores que têm suas residências na área do traçado. O objetivo da expansão da rede é oferecer energia suficiente para abastecer a região que especialmente nos meses de verão entra em colapso.
- Não somos contra a construção da linha, que irá beneficiar as comunidades do Norte da Ilha, mas que a Celesc busque uma outra alternativa que não seja a de colocar as torres metálicas e os postes de concreto para sustentar a linha ao lado das pessoas - diz José Henrique Moreira, da Associação de Moradores de Ratones.
Para Moreira, as comunidades já convivem com influências negativas do campo eletromagnético gerado pela linha antiga (construída há mais de 20 anos), como ruídos, riscos de acidentes - especialmente com crianças, restrições de uso de celulares e internet, restrição de uso da faixa de domínio (local por onde passa a linha) e, principalmente, o risco à saúde.
A preocupação começou em 2006, quando moradores de Ratones e da Vargem Pequena tomaram conhecimento de que a Celesc iria construir uma nova Linha de Transmissão (LT) para abastecer o Norte da Ilha, passando por várias comunidades antes de chegar até a subestação Ilha Norte, na Vargem Grande.
Na ocasião eles procuraram a Celesc para que a empresa apresentasse o projeto na comunidade e discutisse alternativas e novas possibilidades para a construção da nova LT de forma a minimizar os impactos que seriam causados à comunidade.
Associações sugerem que traçado seja alterado
As associações de moradores das comunidades afetadas já sugeriram à Celesc que a nova LT passe no limite das áreas de APP (Áreas de Preservação Permanente) e APL (Áreas de Preservação Limitada), áreas que legalmente não podem ser edificadas, reduzindo assim os impactos sociais e ambientais.
- Tivemos alguns encontros com a Celesc, porém, sentimos dificuldades em ver colocado no papel (projeto) o que se conversa - observa Geraldo Von Muhlen, da Associação dos Moradores Sol Nascente.
Na semana passada, as associações encaminharam o caso ao Ministério Público Federal com sugestão da mudança do traçado da nova linha de transmissão; a retirada imediata da atual linha de transmissão assim que a nova entre em operação; avaliações justas para as indenizações e compensações sociais e ambientais para as comunidades diretamente atingidas pela nova linha de transmissão.
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Diário Catarinenese, 29/09/2008)