O governo de Ana Júlia Carepa (PT-PA), eleito com apoio de movimentos sociais ligados à questão agrária, promoveu a cabos soldados que participaram do massacre de Eldorado do Carajás. A Polícia Militar não soube informar o número, mas uma associação de policiais afirmou que “entre 87 e 90” foram beneficiados.
O conflito entre policiais militares paraenses e sem-terra, ocorrido em abril de 1996 em uma região próxima a Parauapebas (PA), levou à morte de 19 trabalhadores rurais e deixou mais de 60 feridos. Ele é considerado um marco do conflito fundiário brasileiro.
Apesar de todos os promovidos já terem sido absolvidos em primeira instância pela acusação de homicídio qualificado, ainda há um recurso no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) que pede suas condenações.
As mudanças de função foram divulgadas anteontem e só ocorreram depois que a governadora do Pará sancionou, no último dia 10, mudanças em uma lei estadual sobre as promoções de policiais militares que respondem a processos, aprovadas por unanimidade na Assembléia Legislativa.
Antes, a lei afirmava que só oficiais (policiais de patentes mais altas, como capitão e major) poderiam subir de cargo caso estivessem sendo processados. Mas, sob o argumento que esse benefício exclusivo era injusto, a petista resolveu estendê-lo aos soldados e, assim, “corrigir uma desigualdade”, segundo sua assessoria.
(Diário do Amapá, amazonia.org.br, 28/09/2008)