O presidente do Equador, Rafael Correa, disse no sábado que a construtora brasileira Odebrecht apresentou a seu governo uma proposta em que "aceita as exigências" do país para o pagamento de indenizações devido a falhas na construção da hidrelétrica San Francisco. A medida teria como objetivo deixar sem efeito a decisão do governo equatoriano de interromper todas as obras que estão sob responsabilidade da Odebrecht no país, que somam um valor total de US$ 650 milhões.
"Depois de termos recebido um tremendo choque, recebemos ontem o acordo, unilateralmente, firmado", afirmou Correa em seu programa de rádio, neste sábado.
Segundo o presidente equatoriano, no documento a empresa brasileira aceitaria "todas as exigências" feitas pelo governo, que correspondem ao pagamento de uma indenização de US$ 43 milhões pelos prejuízos causados pela paralisação da usina, fechada desde junho, além da reparação total da hidrelétrica.
O líder equatoriano disse que "estudará" a proposta para decidir se permitirá que a Odebrecht "continue ou não no país". Correa disse que seu governo e a construtora haviam avançado em um entendimento, mas que "duas vezes andaram para trás no último minuto". O impasse teria sido o pivô para a assinatura de um decreto firmado por Correa, em que ordena o embargo dos bens da empresa brasileira, a militarização de todas as obras em andamento, além de proibir que os funcionários da empresa deixassem o país.
Dívida
Correa voltou a afirmar que os US$ 200 milhões de empréstimo concedidos pelo BNDES para a construção da usina San Francisco são uma dívida da Odebrecht com o Brasil e não do governo equatoriano. Na quarta-feira, Correa disse que pensava em não pagar o empréstimo para financiar a construção de um projeto "que não presta".
Com uma potência prevista de 230 megawatts e com capacidade para abastecer 12% da energia do país, a central San Francisco foi construída pelo Consórcio Odebrecht - Alstom - Vatech (empresas européias) e inaugurada em junho de 2007.
A partir de junho de 2008 a San Francisco começou a apresentar falhas e logo depois foi fechada, o que, de acordo com o governo equatoriano, coloca em risco o abastecimento do país e poderia ocasionar apagões de energia. A construtora brasileira Odebrecht afirmou que durante seu primeiro ano de funcionamento, a usina hidrelétrica operou, sob a responsabilidade do governo do Equador, com capacidade superior à que havia sido projetada.
(BBC, Ultimo Segundo, 29/09/2008)