Imagens de satélite da Nasa mostram que, durante um intervalo de quatro semanas em agosto deste ano, o gelo sobre o Oceano Ártico derreteu-se mais depressa do que em qualquer outra época registrada. A perda total de gelo deste ano foi a segunda maior desde o início das observações por satélite. O recorde ocorreu em 2007.
A cada ano, no verão boreal, o gelo sobre o mar no Ártico se derrete, atingindo o menor nível anual. O gelo que permanece, ou "gelo perene", tem sobrevivido ano após ano e contém gelo antigo e mais espesso. A área total de oceano coberta por gelo, incluindo sazonal e perene, vem sofrendo nos últimos anos, á medida que o derretimento acelera. No ritmo atual, cientistas acreditam que todo o gelo ártico poderá desaparecer neste século.
"Não esperava que a cobertura de gelo ao final do verão deste ano ficasse tão ruim quanto a de 2007, porque o gelo do inverno foi quase normal", disse o pesquisador Joey Comiso, do Centro de Vôo Espacial Goddard, da Nasa.
"Vimos um bocado de resfriamento no Ártico que acreditamos estar associado ao La Niña. O gelo sobre o mar no Canadá recuperou-se e até se expandiu no Estreito de Bering e BA Baía Baffin. No geral, foi um bom sinal de que este ano não será tão ruim quanto o ano passado", afirmou.
Mas o mínimo de gelo de 2008 só ficou atrás do de 2007, de acordo com nota conjunta da Nasa e do Centro de Dados de gelo e Neve da Universidade de Colorado. Em 12 de setembro de 2008, a extensão do gelo era de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, abaixo da média mínima entre 1979 e 2000.
O quase-recorde de 2008 foi impulsionado, entre outros fatores, por um período de um mês que assistiu à mais rápida taxa de perda de gelo já registrada. De 1º a 31 de agosto, dados da Nasa mostram que a área coberta de gelo caiu ao ritmo de quase 85 mil quilômetros quadrados ao dia, ante a taxa diária para o mês de 63 mil, em 2007.
(Estadão, Ambiente Brasil, 27/09/2008)