Presidente equatoriano diz que 'depois de um tremendo choque, o acordo foi unilateralmente firmado'.
QUITO - A construtora brasileira Odebrecht apresentou ao governo do Equador uma proposta em que aceita todas as exigências do país para retomar suas operações e deixar sem efeito a expulsão ordenada pelo presidente Rafael Correa, informou neste sábado, 27, o próprio líder equatoriano em seu programa de rádio e televisão.
Correa explicou que estudará a proposta da companhia, enviada na sexta ao Executivo. O governante ordenou na terça-feira passada a intervenção da firma, recusou seus bens e instalações e proibiu a saída do país de alguns de seus diretores, após não chegar a um acordo sobre a reparação da planta da hidrelétrica San Francisco, construída pela Odebrecht e paralisada desde junho.
"Depois de termos recebido um tremendo choque, recebemos ontem o acordo, unilateralmente, firmado", disse Correia. No documento, a empresa brasileira aceita "todas as exigências" feitas pelo governo. O presidente equatoriano acrescentou que irá analisar a proposta da Odebrecht para decidir se permite "que eles continuem ou não no país".
Correa lembrou que já havia acontecido duas aproximações com a empresa brasileira na tentativa de chegar a um acordo, que consistia no pagamento de US$ 43 milhões pelas perdas causadas pela paralisação da usina de San Francisco.
Segundo ele, apesar de ter avançado na proposta, os responsáveis da empresa "duas vezes andaram para trás no último minuto, e a última vez foi na terça-feira". O presidente reiterou que esse fato o motivou a assinar "o decreto os expulsando do país, pedindo que os diretores da Odebrecht saiam e requisitando toda a maquinaria para que não parem as obras" adjudicadas à firma.
Além disso, voltou a falar sobre um estudo sobre a dívida externa que oferece informações sobre possíveis irregularidades no crédito que o Brasil entregou ao Equador para a construção da hidrelétrica de San Francisco.
Segundo Correa, o montante desse crédito foi para Odebrecht e não ingressou nas contas do Equador. Por essa razão, ele afirma que se trata de um empréstimo do Brasil para Odebrecht e não "de governo para governo".
(Efe, Estadão, 27/09/2008)