Luiz Hildebrando da Silva, um dos maiores parasitologistas do Brasil, e Rodrigo Stábeli, ambos radicados em Rondônia, não vão ser mais rotulados de biopiratas pelo Ibama.
O órgão ambiental federal desistiu de notificar os cientistas que, na segunda-feira, haviam se recusado a receber dois de seus fiscais em Porto Velho.
Os funcionários do Ibama iriam notificar a dupla, acusada, de forma anônima, de praticar biopirataria (mandar para o exterior amostras da biodiversidade brasileira e de sangue de populações tradicionais sem licença).
"Não se fiscaliza biopirataria assim. Foi um ato constrangedor e até infantil", disse à Folha, pelo Ibama, Antônio Gamne, da Coordenação de Operações e Fiscalização.
Segundo Stábeli, os órgãos públicos do Brasil, com ações como essa, estão "satanizando" a ciência. "Parece que voltamos para a Inquisição", disse.
O pesquisador suspeita que as acusações anônimas, enviadas direto a Brasília, devam ter saído dos biopiratas de verdade. "Temos todas as licenças, emitidas pelo próprio Ibama", afirmou Stábeli.
Segundo o cientista da Universidade Federal de Rondônia, mais de 80% dos estudos de bioprospecção na Amazônia hoje acabam sendo conduzidos no exterior por causa de amarras burocráticas.
"É preciso colocar pessoal com formação científica para dar as licenças e não técnicos sem preparo", afirmou o cientista, que há cinco anos estuda moléculas de plantas da mata para o
(Por Eduardo Geraque, Folha de S. Paulo, 27/09/2008)