Trajetória já ultrapassa o pior cenário do IPCC.
As emissões globais de dióxido de carbono aumentaram 3% de 2006 para 2007, com as nações em desenvolvimento como China e Índia agora sendo responsáveis por mais da metade do principal gás de efeito estufa jogado na atmosfera.
Segundo o relatório anual do Projeto Carbono Global, a liberação do principal gás do efeito estufa cresceu, no período de 2000 a 2007, em um ritmo quatro vezes superior (3,5% ao ano) ao com que aumentava na década de 1990 (0,9% ao ano), superando todas as previsões dos cientistas. O total de emissões hoje ultrapassa o pior cenário previsto pelo IPCC, o painel do clima das Nações Unidas. Nesse cenário, conhecido como A1F1, a temperatura no final do século será 4C mais alta do que na era pré-industrial.
A concentração de gás carbônico na atmosfera chegou em 2007 a 383 partes por milhão, 37% a mais do que na era pré-industrial, quando ela era de 280 partes por milhão.
Segundo o jornal "Los Angeles Times", os climatologistas ficaram surpresos com aumento, pois achava-se que num contexto de crise econômica o uso de energia cairia.
As emissões por meio da queima de combustíveis fósseis foram um dos fatores principais no aumento, diz o documento, produzido pela ONG que reúne várias academias nacionais de ciências. A culpa foi principalmente o crescimento explosivo da demanda por energia (e da riqueza) da China, que fez a intensidade de carbono (a quantidade de carbono por unidade de PIB) parar de cair em 2003. Uma das tendências observadas na análise é a de que a Índia, em breve, deve tomar o lugar da Rússia como terceiro maior emissor.
Per capita
"Pela primeira vez, o valor absoluto de todas as emissões indo para a atmosfera a cada ano é maior vindo de países em desenvolvimento do que do mundo desenvolvido", afirma o diretor do projeto, Pep Canadell. "A outra coisa é que nós confirmamos agora que a China é mesmo a maior emissora."
Os EUA são agora o segundo emissor. Cerca de 60% do saldo de aumento nas emissões vem do território chinês. Apesar disso, as emissões per capita são cinco vezes maiores nos EUA do que na China.
(Folha de S. Paulo, 27/09/2008)