Centenas de camponeses paraguaios sem-terra permaneciam acampados nesta sexta-feira em torno de 20 propriedades agrícolas do departamento de San Pedro, algumas delas propriedades de brasileiros, ameaçando ocupá-las, informaram as autoridades.
Uma das propriedades ameaçadas é a do brasileiro Ulises Rodríguez Teixeira, que segundo os manifestantes possui 22 mil hectares de cultivos de soja em meio às florestas naturais da região.
O chefe de polícia da região, o comissário Fermín Benítez, disse à agência Efe por telefone que nas últimas horas a presença de grupos de manifestantes tinha se intensificado nos improvisados acampamentos montados nos arredores das propriedades.
Benítez não descartou a possibilidade de pedir reforços às autoridades de Assunção caso ocorram invasões, uma medida de força que se multiplicou após a vitória do ex-bispo de esquerda Fernando Lugo no pleito de 20 de abril.
Eulalio López, um dos líderes camponeses, explicou que a mobilização "é preventiva para evitar a destruição" com tratores e exigiu a presença do ministro do Meio Ambiente José Luis Casaccia na região.
Ernesto Benítez, da organização Tava Guarani, disse que eles não estão contra os colonos brasileiros, mas rejeitam que continuem "atropelando" sua soberania e suas leis e a "destruir" seu ecossistema, explicou.
As principais ocupações acontecem no centro do país, a maioria em fazendas de colonos brasileiros e paraguaios produtores de soja.
Os sem-terra argumentam, entre outras coisas, que 1% dos proprietários concentra em seu poder 79% das terras do país.
A Associação de Produtores de Soja (APS), assim como a Associação Rural do Paraguai, a patronal criadora de gado, exigiram em várias ocasiões ao governo uma saída urgente para essa situação, sustentando que "45% das terras agrícolas está em mãos dos pequenos produtores".
(Efe/Assunção, Folha Online, 26/09/2008)