O engenheiro aposentado da Petrobras, Fernando Leite Siqueira, critica a grande exposição do etanol como a salvação para a crise do petróleo. “A camada de pré-sal deve servir para que o Brasil se prepare para a falta de petróleo”, defende.
Ao contrário do que o governo federal e o agronegócio divulgam, o etanol não é a principal alternativa ao petróleo. O engenheiro aposentado da Petrobras, Fernando Siqueira, critica a grande exposição do etanol e afirma que ele não é a salvação para a crise do petróleo.
Isso porque o etanol substitui apenas uma das funções do petróleo, considerada menos nobre, que é o uso como combustível. As indústrias petroquímica e farmacêutica, que são as que mais consomem o petróleo, não são beneficiadas pelo etanol.
“Dizer que o etanol vai substituir o petróleo é uma utopia. O problema é a indústria petroquímica. Você tem plásticos, fertilizantes, medicamentos, fabricação de DVDs e de celulares. São três mil produtos que o petróleo serve de matéria-prima”, diz.
A vantagem do etanol puro é a de não lançar os gases de efeito estufa, que destroem a camada de Ozônio e o meio ambiente em geral, como ocorre com a gasolina e demais combustíveis fósseis. Para o etanol ter um uso disseminado é necessário misturá-lo com biodiesel, produzindo assim a glicerina, material que substitui o petróleo em praticamente toda a indústria.
No entanto, seriam necessários de 25 a 30 anos de pesquisa e de investimento para que o Brasil possa ser autosucifiente em glicerina. Siqueira espera que o dinheiro obtido com as camadas de pré-sal seja usado na produção das energias alternativas.
“A natureza nos deu uma chance. O governo caminhava para uma situação terrível para o país. Nós tínhamos 14 bi de barris que petróleo, que iriam acabar em 10 anos. E aí não tinha tempo para desenvolver energia alternativa. Com o advento de Tupi, do pré-sal, dá para o Brasil ter mais 30 anos, que é o tempo suficiente para que o Brasil consiga substituir o petróleo”, diz.
A Petrobras estima que os campos de pré-sal Tupi e Iara alcancem uma produção de 90 bi de barris de petróleo.
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 25/09/2008)