Levantamento da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS) aponta que a redução do preço do leite pago ao produtor já acumula perda de R$ 43 mi. Principais atingidos são os pequenos agricultores, que estariam recebendo até R$ 0,35 pelo leite, afirma Fetraf-Sul. Grandes empresas da região Norte, como a Nestlé, decepcionaram e não compraram todo o leite.
Levantamento da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS) aponta que os produtores de leite já acumulam perda de R$ 43 mi com a redução do preço pago pelas indústrias. Por dia, as perdas chegam em média a R$ 1,44 mi.
Apesar de todos os produtores serem atingidos, são os camponeses que perdem mais. O coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar na Região Sul (Fetraf-Sul), Ari Pertuzatti, afirma que os pequenos agricultores chegaram a ganhar apenas R$ 0,35 por litro em Agosto, R$ 0,20 a menos do que a média recebida pelos grandes produtores. “Houve um crescimento na produção, mas não na mesma proporção que o consumo. Em alguns casos, em cooperativas, o leite resfriado no tanque oferecendo a R$ 0,40 o litro”, conta.
Nos meses de Julho e Agosto, época de entressafra em que a produção é menor, o preço geralmente sobe. No entanto, o sindicalista diz que isso não aconteceu neste ano. Como fez pouco frio e as lavouras de verão estavam ociosas, havia pasto em grande quantidade e de boa qualidade para o gado.
Outro motivo apontado por Pertuzatti é que as grandes empresas de leite que se instalaram na região Norte, onde predomina a agricultura familiar, decepcionaram e acabaram não comprando toda a produção estimada. Com leite sobrando no mercado, as empresas puderam reduzir o preço.
“Todas essa indústrias que se instalaram aqui na região Norte do RS, como a própria Nestlé e a Italac, tínhamos a expectativa de dobrar a produção de leite, mas essa demanda não foi absorvida [por parte das empresas]”, diz.
Para os próximos meses, a expectativa é de que o preço siga baixo. Com a Primavera, outras regiões produtoras que estavam na entressafra, como o Centro-Oeste, voltam a produzir normalmente. Com mais leite no mercado, as empresas poderão pagar o quanto quiserem.
Para segurar o preço, os produtores querem que o governo federal compra o excedente e faça estoque do leite, a exemplo do que governo já fez com a soja e o trigo do agronegócio. No caso do Rio Grande do Sul, Pertuzatti estima ser necessário a compra de um mês de produção. Já foi negociada a compra de R$ 50 mi em produto pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Fome Zero, mas os pequenos agricultores querem ampliar os convênios para outros programas.
Mais de 100 mil camponeses têm no leite a renda principal da família
(Por Raquel Casiraghi, Agência Chasque, 25/09/2008)