Crescem manifestações em apoio a Evo Morales. A Coordenação Andina de Organizações Indígenas (CAOI), que integra povos indígenas da Bolívia, Equador, Peru, Colômbia, Chile e Argentina, vai realizar o Encontro Internacional de Solidariedade com Bolívia, de 23 a 25 de outubro, em Santa Cruz, Bolívia. Por outro lado, professores de universidades estadunidenses repudiam a atitude do governo dos Estados Unidos em relação à situação boliviana.
No dia 12 de outubro, os povos indígenas programam uma Mobilização Continental com o objetivo de exigir respeito a seus direitos e propor alternativas para superar a crise da globalização econômica neoliberal e dos Estados Uninacionais: "Essa mobilização continental nos coloca hoje diante de uma tarefa urgente: a solidariedade ativa com a Bolívia, para defender seu direito a decidir seu próprio destino, expressado no processo de mudanças que desenvolve o governo do presidente Evo Morales Ayma e derrotar o golpismo fascista empreendido pelo imperialismo norte-americano e as oligarquias locais".
No dia 21 de setembro, professores de universidades estadunidenses enviaram uma carta aberta ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, dirigida à secretária de Estado, Condoleezza Rice. No documento, eles expressaram profunda preocupação em relação aos recentes eventos na Bolívia: "Em particular, preocupa-nos sobretudo que o governo estadunidense, segundo admitiu, está apoiando grupos e indivíduos de oposição na Bolívia que estiveram envolvidos nos recentes atos de destruição generalizada, violência e mortes, principalmente nos departamentos de Santa Cruz, Pando e Chuquisaca".
Os professores ressaltam também que, desde a eleição de Morales em 2005, o governo estadunidense tem enviado milhões de dólares em ajuda aos governadores departamentais e aos governos municipais na Bolívia: "Em 2004, a Agência Internacional para o Desenvolvimento dos EUA (USAID) estabeleceu um ‘Escritório de Iniciativas de Transição’, na Bolívia, que destinou 11 milhões de dólares em fundos para ‘continuar desenvolvendo suas atividades executadas para melhorar a capacidade dos governos departamentais’".
Eles recordam que a o Escritório organizou uma visita dos governadores departamentais aos Estados Unidos para reunir-se com governadores estaduais estadunidenses. "Alguns desses governos departamentais rapidamente iniciaram campanhas organizadas para avançar suas demandas por ‘autonomia’ e para se opor, por meio de medidas violentas e não democráticas, ao governo de Morales e duas reformas populares", acrescentam.
Além disso, os professores se surpreendem com a resposta dada pelo governo estadunidense em relação ao massacre ocorrido em Pando: "No dia 12 de setembro, segundo seu sítio na web, o Departamento de Estado dos EUA havia declarado somente que lamentava a expulsão do embaixador Goldberg e que isso ‘refletia a debilidade e desespero (do presidente Evo Morales)’ e ‘uma falta de capacidade de comunicar-se eficazmente em nível internacional para obter o apoio internacional’ e sugeriu que o governo boliviano não estava melhorando o bem-estar se seus cidadão".
Dessa forma, os professores fazem um chamado ao governo estadunidense para que dê um passo adiante nas suas relações com a América Latina ao condenar clara e inequivocamente os meios violentos, destrutivos e antidemocráticos utilizados pelos membros da oposição pró-autonomia da Bolívia. "Mais importante ainda, Washington deve também revelar o financiamento que oferece a grupos na Bolívia, por meio da USAID e outras agências, e os nomes dos receptores desses fundos", finalizam.
(Adital, 26/09/2008)