Ao contrário do que até especialistas geralmente imaginam, as cidades produzem no máximo 40 por cento das emissões mundiais de gases do efeito estufa, segundo um estudo divulgado na quinta-feira. Agências da ONU, a ONG climática do ex-presidente norte-americano Bill Clinton e o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, já declararam que as cidades emitem de 75 a 80 por cento das emissões de poluentes responsáveis pelo aquecimento, diz o estudo publicado na revista Environment and Urbanization.
No entanto, dados de uma comissão científica da ONU mostram que a cifra correta deve ficar entre 30 e 40 por cento. O autor do estudo, David Satterthwaite, do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, disse que o erro induz as autoridades a menosprezarem o potencial das cidades no combate à mudança climática.
"Culpar as cidades pelas emissões de gases do efeito estufa deixa de levar em conta que as cidades são uma grande parte da solução", disse ele em nota. "Cidades bem-planejadas e bem-governadas podem oferecer elevados padrões de vida sem exigir níveis elevados de consumo nem emissões elevadas de gases do efeito estufa."
Satterthwaite disse que o erro de alguns especialistas é colocar na conta das cidades emissões oriundas de indústrias e usinas que estão fora de seus limites. E lembrou ainda que a população urbana pode ser menos poluente que a rural.
"Gente que vive nos subúrbios ou se desloca na verdade têm emissões de gases do efeito estufa per capita muito maiores do que pessoas que vivem em Chelsea com o mesmo nível de renda", exemplificou ele à Reuters. Além disso, moradores do interior tendem a ter casas maiores, que consomem mais energia com aquecimento e refrigeração, e também tendem a usar mais o carro.
O documento destaca a diferença "de cem vezes" entre as emissões de cidades ricas e pobres, mas argumenta que uma maior taxa de emissões nem sempre indica uma melhor qualidade de vida. "A maioria das cidades dos EUA tem três a cinco vezes mais uso de gasolina por pessoa do que a maioria das cidades européias - e é difícil ver que Detroit tenha cinco vezes a qualidade de vida de Copenhague ou Amsterdã", diz o estudo.
(Por Megan Rowling, Reuters, 25/09/2008)