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política ambiental de portugal
2008-09-25

A energia elétrica produzida pela força das vigorosas ondas do oceano Atlântico, perto das costas do norte de Portugal, a partir de agora iluminará os lares de aproximadamente seis mil pessoas. A geração de eletricidade usando as ondas do mar já existe em nível de protótipos experimentais em vários pontos do planeta, mas Portugal se converteu a partir de ontem no país pioneiro em todo o mundo a fazê-lo em escala de consumo comercial. Ao inaugurar o Parque de Ondas de Aguçadoura, localizado na frente da costa setentrional localidade de Povoa de Varzim, o ministro da Economia, Manuel Gomes Almeida de Pinho, afirmou que a produção de energia a partir das ondas dentro de 10 anos terá a mesma importância que hoje tem a energia eólica.

As fontes renováveis são atualmente a base de “40% da produção energética” em Portugal, dando especial destaque às centrais solares e à utilização dos ventos, “que há apenas 15 anos eram o mesmo que nada”, mas “são uma técnica experimental”, disse o ministro ao inaugurar oficialmente o projeto. Almeida de Pinho ressaltou que atualmente Portugal e Dinamarca são “os países mais avançados do mundo nessa técnica” de aproveitamento da energia das ondas.

A importância do projeto reside precisamente em seu caráter pioneiro e em sua expansão posterior, porque em termos de investimento e produção de eletricidade os números ainda são modestos. Os US$ 12,5 milhões dedicados ao Parque de Ondas de Aguçadoura serão usados em uma primeira etapa para alimentar com energia elétrica o equivalente a um povoado de aproximadamente 1.500 casas habitadas por quatro pessoas, em media. O parque conta com três maquias de tecnologia britânica, que oscilarão ao ritmo das ondas, gerando a pequena quantidade de eletricidade de 2,25 megawatts, equivalentes à de um aerogerador de um parque eólico.

Isso representa apenas uma cereja no bolo energético nacional de um país com 10,2 milhões de habitantes, como reconhecem seus promotores, mas sua importância está em sua expansão futura, afirmaram os dirigentes da ibérica Enersis e da firma escocesa Ocean Power Delivery (OPD), sua associada tecnológica. A captação de eletricidade a partir do mar também é feita na Itália desde 2006, quando começou o projeto para produzir energia a partir das fortes correntes marítimas do estreito de Messina, que separa a ilha de Sicília do resto do país. Os portugueses, por outro lado, aproveitam as altas e potentes ondas do oceano Atlântico.

É uma quantidade modesta, mas é a fase inaugural “da primeira central energética do mundo que usa as ondas como fonte de energia renovável”, explicou durante uma visita da IPS à usina há dois anos o engenheiro Rui Barros, diretor e responsável pelo setor de novas atividades da Enersis. Esta empresa é considerada líder no setor de energias renováveis, com vasta experiência no uso de fontes hidráulicas, fotovoltaicas, eólicas, geotérmicas e de biomassa na península Ibérica.

Segundo cálculos do ministério da Economia, a produção de energia a partir das ondas oceanicas pode adquirir nos próximos 40 anos um valor correspondente a 30% do atual produto interno bruto português, de US$ 188,548 bilhões. Antonio Sarmento, diretor do Centro de Energia das Ondas, afirma que Portugal poderia controlar 10% do mercado mundial dessa tecnologia e dos equipamentos para construção deste tipo de central, uma quantia calculada em US$ 385 bilhões.

A montagem de estruturas do projeto inaugurado ontem aconteceu nos estaleiros de Peniche, 125 quilômetros ao norte de Lisboa, com a construção de três enormes tubos, chamados “pelamos”. Os tubos, de 142 metros de comprimento e 3,5 metros de diâmetro, oscilam submersos, divididos em três seções e unidos por dois anéis com junções côncavas de entrada, em um conjunto chamado módulo de conversão energética. O interior deste módulo contém um sistema de bombas hidráulicas de alta pressão, ativadas com base no movimento transmitido pelas ondas à estrutura tubular graças à oscilação, que ao acionar o sistema hidráulico coloca em funcionamento os três geradores. A onda balança os “pelamos”, que variam continuamente o ângulo de abertura das junções dos anéis, e seu movimento é usado pelos geradores para converter essa energia cinética em eletricidade, que depois é levada para terra firme através de cabos submarinos, entrando na Rede Elétrica Nacional.

A instalação dos equipamentos estava prevista para o final de 2006, mas sofreu sucessivos atrasos. Finalmente, “o parque está em funcionamento”, disse Barros, sem esconder seu contentamento, ao mesmo tempo em que anunciava que o projeto prevê uma segunda fase (sem adiantar datas) com outros 27 “pelamos”, totalizando 20 megawatts, e mais tarde em vários pontos do litoral português, ampliando a capacidade para mais de 550 megawatts. Estudos do Centro de Energia das Ondas estimam que a costa de Portugal tem potencial para a instalação de equipamentos para captação de cinco mil megawatts de potencia de energia das ondas oceânicas.

A inauguração de Aguçadoura é a culminação de 12 anos de árdua pesquisa que ocorre cinco anos após o início deste projeto, que teve assistência financeira da União Européia e apoio da experiência de duas décadas do Instituto Superior Técnico de Lisboa. Seguir à frente no desenvolvimento deste setor “é um dos objetivos da Enersis nos próximos anos e não apenas no mercado nacional”, explicou Barros ao prever a continuação da colaboração com a OPD, porque essa empresa “opera desde 1997 no mercado, onde atingiu um nível de conhecimento inigualável no mundo”.

Para avançar com o projeto das outras 27 centrais serão necessários cerca de US$ 110 milhões, 15% dos quais procedentes de fundos públicos e o restante de financiamentos bancários e da sociedade formada entre OPD e Enersis. Uma vantagem fundamental destas 27 centrais é a defesa do meio ambiente, porque, segundo Barros, sua atividade se traduzirá em “uma economia de emissões de dióxido de carbono (principal gás causador do efeito estufa) na atmosfera equivalentes a 60 mil toneladas anuais”.

(Por Mario de Queiroz, Envolverde, IPS, 24/09/2008)


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