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2008-09-25
A comunidade do sul do Espírito Santo conhecerá no dia 8 de outubro próximo os resultados da Avaliação Ambiental Estratégica do Pólo Industrial e de Serviços de Anchieta. Há expectativa entre os ambientalistas, pois as indústrias anunciadas para a região são altamente poluidoras e as medidas mitigatórias não serão suficientes para acabar com o turismo na área.

A avaliação estratégica será apresentada às 14 horas do dia 8 próximo, na Samarco, segundo anunciou o governo do Estado. A data foi informada ao ambientalista Bruno Fernandes da Silva, do Grupo de Apoio ao Meio Ambiente (Gama).

O ambientalista informou que nenhuma comunidade do sul é a favor da implantação das grandes indústrias poluidoras na região. No levantamento de campo, só as lideranças da comunidade de Ubu se manifestaram a favor, mas a diretoria da entidade local mudou em maio. Os atuais dirigentes são contra a instalação do pólo, diz o ambientalista.

A avaliação estratégica foi realizada pela Cepemar. A empresa é a que dá sustentação aos projetos poluidores no Estado e avalizará no sul a construção da siderúrgica da chinesa Baosteel e da Vale.

O projeto da siderúrgica está desacelerado pelo governo do Estado, que o atraiu para o Espírito Santo. A desaceleração atende a posição de setores como a Igreja Católica, que não quer saber de budistas chineses no Espírito Santo, e manifestou sua posição ao governador Paulo Hartung. O projeto foi rejeitado pelo governo do Maranhão pois provocaria danos ambientais e sociais na região da capital.

Para o Pólo de Anchieta estão programadas várias outras indústrias, como novas unidades de pelotização da Samarco, termelétrica e unidades da Petrobras. Também serão construídos portos na região, entre os quais um da Vale.

Para defender a região, os moradores criaram o Fórum das Entidades Civis Organizadas do Litoral Sul do Espírito Santo. As lideranças do sul dizem que a implantação do fórum decreta o fim do turismo na região, que é principal atividade econômica no sul.

Uma voz contra – Uma das lideranças do sul que denunciam a iminente destruição ambiental e social da área é a ambientalista Ilda de Freitas, do Programa de Apoio e Interação Ambiental (Progaia). Ela analisa a questão no artigo “A ilusão do poder”, que divulgou em seu blog.

Nele diz: “A decisão do governo capixaba de transformar o maravilhoso litoral sul do Espírito Santo em pólo industrial e quintal do primeiro mundo, pode nos levar a esquecer que nossa região é apenas um alvo a mais do poder econômico que domina atualmente o mundo. A versão capixaba do exercício desse poder tem certamente sua coloração própria que é fornecida, em primeira linha, pela extrema flexibilidade das leis brasileiras e uma corrupção atávica nascida com a própria colonização do Brasil. O comportamento de muitos governadores brasileiros parece uma triste herança das capitanias hereditárias e a administração PH é um dos seus melhores exemplos.
 
A teoria de que tudo é relativo parece ter nascido no Brasil porque aqui, até a democracia é relativa. Como numa democracia, o governante é eleito pelo povo mas, como numa ditadura, uma vez eleito ele governa só e absoluto, como se o voto dos eleitores significasse carta branca até para a tomada de decisões temerárias.

Em teoria, de acordo com a constituição, todos os cidadãos têm os mesmos direitos. Na prática, o acesso a esses direitos depende quase sempre de poder e/ou dinheiro. Nosso emaranhado de leis e a burocracia necessária para cumpri-las, tanto podem levar um inocente à prisão, quanto deixar em liberdade um notório usurpador de dinheiro público. O primeiro fica enrascado no emaranhado, o segundo dele se beneficia.
 
Somos um país de dois pesos e duas medidas. Em que outro país do mundo poderia haver dois tipos de prisão, uma para os ricos, que geralmente pouco lá ficam, e outra para os pobres, que lá serão amontoados e esquecidos?
 
Assim, de mentira em mentira, o barco segue em frente. A mentira se instalou, se institucionalizou, ganhou ares de respeito, foi globalizada. Se a nação mais poderosa do mundo pôde invadir outra, apenas por razões econômicas, o que querem mais? O mundo preferiu fingir que acreditava nos nobres motivos alegados para a invasão.  E calou-se, por razões econômicas. A China invadiu e massacrou o Tibete, mesma coisa. Nosso Presidente, que tanto gosta de falar em direitos humanos, nunca quis se manifestar a respeito disso, por que será? Ao contrário, não perde uma oportunidade para elogiar e estreitar laços com a maior nação do mundo, a mais injusta com seus cidadãos.
 
Assim, não devemos esperar que um Paulo Hartung seja diferente. Somos uma amostra de um mundo onde os interesses dos fortes serão sempre priorizados em detrimento dos interesses coletivos.
 
Mas o que não podemos é cristalizar a idéia de que é assim e sempre será. O processo de evolução é lento e parece muitas vezes estagnado. As nações do mundo e seus diferentes sistemas de governo - especialmente o modo como esses sistemas são colocados em prática - mostram que a evolução é um processo eterno e dinâmico, nada é definitivo. A história nos apresenta uma incrível seqüência de ascensões e quedas, tanto de nações, quanto de homens, tanto de civilizações, quanto de crenças. Ela é também pontilhada pelo surgimento de movimentos, cuja origem exata é até difícil de identificar. O que é de cima para baixo, fica claro na história já que os livros transbordam com as façanhas dos dominadores e conquistadores. Porém, as grandes mudanças não têm data fixa. Elas surgiram de baixo para cima e, quase de repente, estavam lá. Assim foi com a Revolução Francesa,  com a Revolução Russa. Mais recentemente, a queda do Muro de Berlim - que tem data fixa - mostra a eclosão de uma nova consciência que ninguém sabe, exatamente, quando e onde começou. E as Diretas Já? Querem melhor exemplo?
 
Nossa pequena amostra do mundo e do Brasil, as terras capixabas, não é exceção. Uma nova consciência de cidadania está surgindo mas, por enquanto, governo e multinacionais tentam ignorá-la. Até quando? Talvez tenham que refrescar a memória e rever a história. Esperamos que façam isso, antes que seja tarde demais”.

(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário, 25/09/2008)

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