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eficiência energética
2008-09-25

Com a expansão dos plantios florestais e o investimento em tecnologias avançadas, a exploração da madeira pode colaborar, significativamente, para o desenvolvimento nacional e, principalmente, o regional. Essa e outras idéias foram discutidas em encontro de especialistas, realizado no Rio de Janeiro. Nele foi lançada, também, proposta para uma Política Nacional de Eficiência Energética

Desde a Era do Fogo, o homem aprendeu que a madeira poderia ser uma importante fonte de energia. É claro que, naquele período, a simples fricção de dois gravetos e a criação de uma fogueira já era uma aplicação sofisticada desse potencial, e uma grande descoberta para humanidade. Mas, apesar de primitiva, a obtenção de energia a partir da madeira é realizada ainda hoje, em grande parte para uso doméstico, com lenha para queima direta e geralmente associada a contextos rurais e de subdesenvolvimento.

No Brasil, a maior parte da queima desse material alimenta fornos em indústrias de cerâmicas, papel ou gesso, ou é utilizada para fabricar carvão vegetal, insumo na cadeia de produção do ferro-gusa. Mas é aí que reside o perigo, já que essas atividades envolvem, também, a exploração de florestas nativas, o desmatamento ilegal de grandes áreas e condições precárias de mão-de-obra.

Justamente para propor a utilização da madeira como uma fonte sustentável e renovável de energia, que o INEE - Instituto Nacional de Eficiência Energética realizou o 1º Seminário Madeira Energética – MADEN 2008, este mês, em sua sede, no Rio de Janeiro. O evento reuniu diversos especialistas e apresentou novas tecnologias, apontando caminhos para a utilização racional e responsável desse recurso. “É claro que há um histórico negativo na exploração de madeira no Brasil. Mas o nosso objetivo, com esse seminário, foi o de começar algo realmente importante, reunindo pessoas de renome dessa área, para propor uma legislação que possa apoiar essa atividade de forma sustentável”, informa Jayme Buarque de Hollanda, diretor-geral do INEE.

Uma das opções mais interessantes, apresentadas no seminário, foi a criação de áreas de florestas plantadas, resultantes de manejo sustentável, e que podem atender a demanda por madeira. “As florestas plantadas substituem com vantagens as florestas nativas, por serem cultivadas e produzirem madeira de forma homogênea e concentrada. Conseqüentemente, com o aumento da disponibilidade de produtos florestais oriundos de florestas plantadas, ocorre uma redução na pressão sobre as florestas nativas, culminando na redução drástica da extração ilegal”, explica Helton Damin da Silva, chefe-geral da Embrapa Florestas.

À frente do projeto “Florestas Energéticas”, Helton explica que, com a expansão dos plantios florestais e o investimento em tecnologias que garantam maior eficiência na obtenção de energia (e também um melhor aproveitamento dos resíduos desse processo, como os bio-óleos), a exploração da madeira poderia colaborar, significativamente, para o desenvolvimento nacional e, principalmente, o regional.

“Por lei, as empresas que consomem volumes expressivos de material florestal têm que plantar florestas para garantir seu sustento, de acordo com um projeto de sustentabilidade. Quem consome em menores níveis, deve plantar ou fomentar o plantio de florestas, também de acordo com seu consumo”, informa Carlos Fabiano Cardoso, coordenador de Monitoramento e Controle Florestal do Ibama. O plantio de florestas tem outro argumento a favor: ele não compete com a agricultura, já que a silvicultura não exige solos com índices expressivos de fertilidade. “O cultivo de florestas nas áreas subutilizadas da propriedade rural funciona, também, como uma espécie de poupança para o produtor rural, uma vez que a madeira é um produto de alta versatilidade no mercado e pode ser vendida para carvoejamento, indústria moveleira, produção de pasta de celulose ou construção civil”, completa Cardoso.

Outra possibilidade interessante, que reduz a pressão sobre as florestas, é a briquetagem, processo que permite a compressão de descartes agroindustriais, que são então transformados em toras superenergéticas. Ou ainda, o capim-elefante, uma planta de fácil cultivo e alta produtividade, que exige áreas menores de plantio e pode ser usada, também, como fonte de energia termoelétrica, além de substituir a madeira na produção do carvão vegetal, desafogando a exploração de áreas florestais.

O encerramento do 1º Seminário Madeira Energética – MADEN 2008 marcou, ainda, o lançamento da proposta de criação da Política Nacional de Eficiência Energética, apresentada por Jayme Buarque de Hollanda. Seu principal objetivo é regular a produção, o transporte, o estoque e o comércio da madeira para uso energético, e também dos biocombustíveis dela derivados, pela termotransformação. Afinal, mais uma vez, a tecnologia e o uso eficiente dos recursos naturais demonstram que podem ajudar o homem a virar, com sucesso, mais uma página da sua história.

Para saber mais sobre o MADEN 2008 e os projetos apresentados visite o site do evento.

(Por Gabriela Varanda, Planeta Sustentável, 24/09/2008)


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