Conclusão é adiada e deverá sair até o mês de novembro
Principal instrumento do governo Lula para orientar o plantio de cana-de-açúcar no país, o zoneamento agroecológico inclui o Rio Grande do Sul.
À frente do estudo, o secretário de Produção e Agroenergia, Manoel Vicente Bertone, adianta que o levantamento atinge cerca de 800 mil hectares no Estado. O documento ainda está em fase de análise pela Casa Civil e deverá ser concluído até novembro.
Empresários gaúchos temiam que o Estado fosse excluído do zoneamento devido a problemas climáticos. Bertoni, no entanto, afirma que não há esse risco.
– O Rio Grande do Sul só não vai plantar cana se não quiser. Não será por causa do zoneamento – esclarece o secretário.
Técnicos do Ministério da Agricultura reconhecem que no começo do trabalho uma área bem menor havia sido prevista para o plantio no Rio Grande do Sul. Reuniões com especialistas no Estado, porém, confirmaram que com a tecnologia adequada a ampliação da cultura seria viável. Atualmente, a Fundação Estadual e Pesquisa Agropecuária (Fepagro) pesquisa mais de 200 variedades da planta.
Para o deputado Luís Carlos Heinze (PP-RS), que acompanha as negociações, a maior parte das terras autorizadas no Estado está nas Missões, Alto Uruguai e Litoral Norte. As restrições ao plantio devem se restringir às áreas de altitude e fortes geadas. Consciente das limitações impostas pelo clima, o coordenador do Programa de Cana-de-Açúcar da Fepagro, Wilson Caetano, ainda admite a possibilidade de redução nas áreas previstas no zoneamento original.
Mesmo assim, o especialista sustenta que o Rio Grande do Sul tem capacidade para ser auto-suficiente em produção de etanol, mesmo depois da implantação da unidade de fabricação de polímeros verdes (resina elaborada a partir do álcool usada na produção de plástico) da Braskem, que deve consumir até 450 milhões de litros do insumo por ano. Hoje, porém, existe somente uma usina de etanol em atividade no Estado, mantida pela Cooperativa dos Produtores de Cana de Porto Xavier, que produz 7 milhões de litros de etanol por safra.
Apesar da polêmica, a Braskem garantiu que o plano de investir até R$ 500 milhões para a implantação na nova fábrica até 2010 em Triunfo, não será afetado pelos resultados do estudo. Em nota, a companhia disse que, inicialmente, o álcool será trazido de São Paulo e Mato Grosso, mas a intenção é priorizar o consumo de álcool produzido no Estado.
(Zero Hora, 25/09/2008)