Um estudo divulgado pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) mostra que a poupança de energia eléctrica nos lares da Europa podia evitar a emissão de mais de 100 milhões de toneladas de dióxido de carbono. O mesmo princípio usado exclusivamente em Portugal significaria uma poupança de dois milhões de toneladas.
Trata-se dos resultados do projecto europeu Remodece (Residential Monitoring to Decrease Energy Use and Carbon Emissions in Europe), liderado por investigadores portugueses, que serão detalhadamente apresentados na próxima segunda-feira. Para já, os investigadores vão avisando que os portugueses usam pouco os equipamentos mais eficientes.
Em comunicado divulgado ontem, a equipa coordenada por investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica da FCTUC, adianta: “Se os consumidores portugueses optassem por utilizar as tecnologias mais eficientes disponíveis no mercado, para além de reduzir claramente a factura mensal de electricidade, evitariam a emissão de dois milhões de toneladas de dióxido de carbono e a importação de 800 milhões de metros cúbicos de gás natural”. Feitas as contas a nível europeu, a poupança chegaria a 100 milhões de toneladas de CO2, referem.
Em declarações à Lusa, Paula Fonseca, coordenadora do estudo, notou que os equipamentos energéticos mais eficientes (classe A) são pouco utilizados em Portugal. O preço “é a principal barreira” à aquisição, disse a investigadora, acrescentando os exemplos da dificuldade de aquisição de frigoríficos da classe A+++ (pouco presentes no mercado) e das lâmpadas economizadoras de energia “mais caras do que as normais e cuja eficiência ainda é olhada com desconfiança” pelos utilizadores. “Só com incentivos à compra e campanhas de divulgação é possível mudar mentalidades”, concluiu. Sobre a opção por aparelhos eficientes, o trabalho da FCTUC faz uma espécie de ranking: “No topo estão a Dinamarca e a Noruega, Portugal está a meio da tabela, à frente da Grécia e dos países de Leste e a par de França e Itália. Mas ainda há muito trabalho a fazer para sermos mais eficientes [na poupança energética]”, diz Paula Fonseca.
O Remodece envolveu 12 países europeus e tem um orçamento global de um milhão e meio de euros. Para o trabalho que quis caracterizar os consumos de electricidade nestes países foi efectuado um inquérito à população e auditorias nas habitações (casa com telecontagem). Os resultados da auditoria em habitações, que incluiu medições dos consumos de equipamento informático, de entretenimento e iluminação, ainda estão a ser avaliados pela equipa de investigadores e vão ser revelados segunda-feira, numa conferência sobre Utilização Racional de Energia Eléctrica no sector residencial e nos serviços, a decorrer em Coimbra.
(Por Andrea Cunha Freitas, com Lusa, Ecosfera, 24/09/2008)