O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) vai implementar uma Comissão Nacional de Inventariação de Espécies que pretende fazer uma actualização constante do estado dos vertebrados em Portugal. Amanhã à tarde, o Instituto e a editora Assírio & Alvim vão lançar a terceira edição do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, que apesar de não contar com alterações no conteúdo vem responder à procura cada vez maior dos temas de conservação e de biodiversidade.
A apresentação vai ser em Lisboa na livraria da editora que desde a segunda edição tem uma parceria com o ICNB para pôr o livro no mercado. O Instituto é o responsável pelo conteúdo da obra que descreve todas as espécies de peixes dulciaquícolas e migradores, anfíbios, répteis, aves e mamíferos que vivem no território nacional e que sofrem diferentes graus de ameaça.
“O mercado das pessoas interessadas é substancialmente superior ao que se esperava”, disse ao PÚBLICO Henrique Pereira dos Santos, chefe do Departamento de Comunicação e Gestão de Operações do ICNB. “Quer para a Assírio, quer para nós, a segunda edição esgotou com uma rapidez que não estávamos à espera”, explicou.
No passado, para a produção do conteúdo do Livro Vermelho reuniam-se quase duas centenas de especialistas que analisavam a informação sobre os grupos de vertebrados. O processo arrastava-se não só pela sistematização de informação, mas também porque era necessário chegar a acordos.
Agora, com a Comissão o procedimento torna-se mais simples. Quando existe a necessidade de actualizar a informação acerca de uma espécie, reúne-se um grupo responsável que faz a avaliação. “À medida que há um novo acordo, actualiza-se o Livro Vermelho. Quando esta edição se esgotar vamos tendo edições sucessivas com as actualizações”, explicou Henrique Pereira dos Santos. Antes da nova edição em papel a informação é sempre publicada na Internet, onde fica sempre disponível.
Com o novo Regime Jurídico da Conservação da Natureza e da Biodiversidade, o Livro Vermelho passa a ter um valor acrescentado pois é um forte contributo para o cadastro das espécies. A actualização “vai permitir uma informação muito mais próxima da realidade” disse Pereira dos Santos. O que é importante porque se uma espécie passa de um estado “vulnerável” para um estado de “criticamente em perigo” matar um indivíduo da espécie não terá o mesmo peso.
O professor universitário Jorge Palmeirim, especialista em mamíferos e um dos responsáveis pelo conteúdo do Livro Vermelho vai falar durante o lançamento da nova edição. O biólogo está de acordo com a nova Comissão desde que haja a “garantia que os processos de avaliação e actualização do estado das espécies sejam abertos e feitos por especialistas externos”.
Para Palmeirim o interesse cada vez maior do público nos temas de conservação reflecte o aumento de educação da sociedade. “É natural que aumente o interesse pelo património”, disse Palmeirim ao PÚBLICO. Durante o lançamento o biólogo vai explicar “a lógica e a utilidade do livro vermelho quer como um instrumento de apelo à decisão a vários níveis quer como uma ferramenta de educação”.
(Por Nicolau Ferreira, Ecosfera, 25/09/2008)